A Índia enviou navios para recolher seus nacionais em Portugal e nas colônias. O pai de Prakash se viu obrigado a embarcar sozinho, sem a família, rumo ao seu desconhecido país natal. Soube-se, cerca de 2 anos depois da sua partida, que morrera de tristeza. O pai dele, de indiano, só tinha a cara. Sequer falava a língua, não praticava a religião nem reconhecia os próprios parentes. Ficou sozinho em meio àmultidão, sem qualquer assistência do governo ou de quem quer que fosse.
Prakash viu Moçambique se tornar independente de Portugal. Já casado e com três filhas, desembarcou em Lisboa, tempos idos, e aqui fez a vida e sustenta a família. As três filhas estão casadas com maridos de nacionalidades diferentes. Um canadiense, um chinês e um russo.
Prakash diz trazer no peito o peso da mágoa em relação à Índia, país onde jamais pretende pôr os pés. Com razão, considera aquele país responsável pelo seu drama familiar e pela morte do seu pai.
Ainda bem que as coisas mudaram, diria algum leitor, menos informado, que não está a acompanhar as atrocidades recém-cometidas na Ucrânia. Famílias inteiras sendo separadas e mães assistindo a seus filhos serem obrigados a entrar em ônibus, rumo à Rússia, mesmo que algemados. Esse, aliás, é o menor dos dramas.
Temos de encarar a dramática realidade que se nos impõem os presidentes, eleitos ou não, ignorantes, negacionistas, antidemocráticose cruéis, os quais não pensam duas vezes antes de destruir vidas e famílias . Vejam as imagens de Mariupol e de Donetsky.
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