Depois de tanta luta, regada a muito suor e lágrimas, de noites sem dormir, em plantões infernais de trabalho duro e arriscado, vivo o meu momento a ver pôres do sol, sem culpa.
Já trabalhei demais na vida. Desde que me percebi por gente. Na infância dentro da roça a derrubar, encoivarar roçado, plantar e colher tudo do que precisávamos para a sobrevivência, até na olaria, debaixo de sol a pino, dia após dia.
Migrei para Brasília, adolescente ainda, a deixar para trás todo o meu mundo e família. Apavorado ante a minha premonição de sofrimentos na capital federal, ali,paguei um bocado dos meus pecados.
Eu me via, num futuro distante, aposentado e ainda com saúde, a viver aventuras em viagens mundo afora. Eu fui impregnando o meu DNA com meus desejos e sonhos e galgando os degraus da realidade com muita dificuldade. Muitos erros e alguns acertos, enquanto sentia-me abençoado pelo Universo. A existência, mesmo com todas suas dores, sempre me foi verdadeiro deslumbre.
“Deus ajuda quem cedo madruga”, diz o sábio provérbio popular. Eu precisava de saúde, força, inteligência, coragem, disciplina e determinação. Acreditava e acredito no meu potencial, mesmo que com verdadeiras crateras de carência escolar, bem como de vários outros itens de uma relação de valores que sempre podem facilitar a trajetória até o objetivo.
Cá estou a mostrar-lhes pôres do sol, em tons tão vermelho-alaranjados que até parecem pinturas e que me remontam ao Morro do Calvário. A magia do pôr-do-sol em Oia, Santorini, tão inesquecível, é a mesma do Calvário.
Qualquer dia desses, de propósito, vá ver um pôr do sol desde o Calvário e, quando perceber o privilégio da existência e as cores boreais que estão dentro de si mesmo, agradeça... e peça por si e pelos demais.
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