quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Robin Hood de Barra do Corda

Os nomes "Cèdric" e "Projeto Robin Hood" me soam aos ouvidos como sininhos mágicos, de alguma árvore de natal, faz pouco tempo. O Natal se aproxima e com ele toda a atmosfera do amor e da solidariedade que, como bem sabemos, se esvaem logo após as festas.

Cèdric fala um português quase sem sotaque, apesar de ser um legítimo francês a passar alguns meses do ano em Barra do Corda. Eu disse Barra do Corda, senhores! 

O que levou Cèdric a sair de seu país, a França, e se embrenhar no interior maranhense é outra longa e rica história de amor, a que não me deterei nesta crônica e não sem a prévia anuência do citado.

Criou o Projeto Robin Hood em 2015, em Santa Vitória, povoado de difícil acesso, a cerca de 100 km de Barra do Corda, e apoia crianças abaixo da linha da pobreza, com deficiências de cognição, distúrbios  de concentração, de memória, de coordenação motora e até da fala.  Atende, ainda, os que vivem em contexto familiar doloroso e que, muitas vezes, são vítimas de maus-tratos.

Posteriormente, o projeto migrou para Barra do Corda e foi olhar para periferia, para os socialmente excluídos e abandonados.

As aulas são de reforço, contam com método pedagógico criativo e inclusivo. Alunos que  jamais conseguiriam alcançar os demais das escolas públicas, que nunca sentiram qualquer prazer no aprendizado e que apresentam, assim, grande defasagem de escolaridade, são o seu público alvo. O Projeto Robin Hood apoia cerca de 80 crianças, muitas delas nem o alfabeto conheciam. 

A autoestima desses alunos melhora a olhos vistos, além de combater a desigualdade social e a evasão escolar.  É um projeto de voluntariado, que precisa do apoio de todos os que se compadecem diante da realidade dos menos favorecidos. 


Wan Lucena


Esta crónica foi originalmente publicada na Revista Eletrónica Virtual Turma da Barra a quem muito agradecemos






sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Urubus não comem Electrónicos

Em Glasgow, capital da Escócia, no Reino Unido,  está a ocorrer a COP26 – (Conference of the parties). Durante 12 dias, sob a batuta da ONU, líderes mundiais, milhares de negociadores, representantes de governos, da indústria e da sociedade em geral, estão a discutir medidas a serem implementadas com o objetivo de manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C.


As metas principais pretendem assegurar a neutralidade carbônica global; garantir a proteção de comunidades e dos hábitats; afiançar a mobilização política, os financiamentos e a cooperação no enfrentamento dos desafios da crise climática.


Eu moro em Lisboa, Portugal, como já é do conhecimento geral. Aqui a preocupação com a preservação é evidente e faz parte da rotina diária. A coleta ecológica ocorre pela separação do lixo, conforme os tipos de resíduo: indiferenciado, plástico e metal, papel e vidro. Os contâineres coletadores estão separados por cores e quem não cumprir tal rotina pode ser “multado”, e o valor da coima (multa) pode ser bem alto.  Existem também locais para se dispensar o óleo usado, as baterias, os aparelhos eletrônicos em geral etc. Tudo é selecionado.


A União Europeia já reflorestou área superior a um Portugal inteiro em seu território. O reflorestamento em Portugal está a olhos vistos e já foram plantadas milhões de árvores nos últimos anos. 


Barra do Corda, tão agredida e malcuidada, está para Glasgow tanto quanto qualquer outra cidade do planeta. Desde os rios a cuidar;  nossos irmãos indígenas e suas dificuldades de manutenção da sua rica cultura e do habitat; os povoados no interior a produzir as mesmas roças como se fazia há 1.500 anos, desmatando ainda com fogo a área a ser plantada; a pecuária que avança e isto significa desmatar; as plantações de eucaliptos que extinguiram e extinguem comunidades inteiras, como foi o caso do Centro dos Protestantes, onde nasci.


Em Barra do Corda, num lixão a céu aberto, urubus comem dejetos putrefeitos sobre um amontoado de pilhas, baterias e todos os demais componentes eletrônicos, cheios de radiação nociva aos humanos. Vale lembrar, um bando de urubus sobrevoa as vossas cabeças. Urubus defecam enquanto voam. 


Em Glasgow não existem urubus, mas também não existem lixões a céu aberto. 


Barra do Corda está para Glasgow assim como estão Nova York, Tuntum, Presidente Dutra, Grajaú, Colinas etc. 


Salvar o planeta é salvar a si próprio. 


*Wan Lucena


Esta crónica foi originalmente publicada na Revista Eletronica Turma da Barra a quem muito agradecemos 

https://www.facebook.com/144971715668226/posts/2080706132094765/


#barradocorda2021

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sexta-feira, 5 de novembro de 2021

O Ateu Médium


Os sinos da Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Lisboa, bradam. Gravo um vídeo de fim de tarde laranja que mostra a bela igreja, as luminárias de luz opaca, o velho elétrico pelos trilhos e os sinos a balançar nas torres. Enviei o vídeo a uma amiga sensível na cidade natal, Barra do Corda.

⁃ Valei-me mãezinha! Ajudai-me! - clama ela, emocionada

O pseudo-ateu, pseudo-médium, pseudo-mentiroso, sem que soubesse, revela-lhe a seguinte mensagem oriunda de Nossa Senhora da Ajuda:

⁃ Ela manda lhe dizer que você não está a precisar de ajuda nenhuma. Ela manda dizer que você já é uma abençoada por quem ela sempre olhará;

Ela manda dizer que sua história de vida é linda e que você tem que sentir é muito orgulho de si mesma;

Ela manda dizer que você deve agradecer e muito por ser a pessoa incrível que é;

Ela manda dizer que quando você quiser vê-la, deve olhar nos olhos do seu semelhante mais próximo;

Ela manda dizer que você está no caminho certo e que seu amor a natureza e ao Cosmos é o que lhe aproxima de Deus;

Ela manda dizer que está aí com você agora... no prato cheio que vai lhe alimentar, na flor do seu jardim, no seu animal de estimação e na árvore que você rega com tanto amor;

Ela manda dizer que, ainda hoje, será os lençóis quentinhos que você usará quando dormir e que lhe acariciarão a pele;

Ela manda dizer que os seus sonhos são viagens astrais de seu espírito e que nessas viagens ele nunca está sozinho, mas acompanhado de seres de luz que o protegem;

Ela manda dizer que enquanto você dorme e sonha, ela vigia ao seu seu corpo físico e o ajuda a relaxar em sono profundo e revigorante;

Ela manda dizer que você tem a sorte de ter muitos amigos que tanto te amam e que sua parentela estará sempre disposta quando for chamada;

Ela manda dizer que lhe dará uma boa noite de sono e de sonhos

Ela manda dizer...

Ave Maria, cheia de graça...

Wan Lucena

Esta crónica foi publicada originalmente na revista electrónica TB - Turma da Barra - a quem muito agradecemos: https://www.facebook.com/jornalturmadabarra/posts/2075100255988686