sexta-feira, 25 de maio de 2012

CHUVA NAS ALAGOAS

Choveu nas Alagoas!!! É bem verdade que já caia uma chuvinha de manhã e outra no finzinho da tarde. Mas, era só chuvinha mesmo e aqui na beira-mar. Não era aquela chuva de cavalo beber em pé. Não eram daquelas chuvas que duram o mês inteiro como é o caso de Brasília. Em dezembro chove todo santo dia e o dia inteiro, e a noite inteira na capital federal. 

Aqui nas Alagoas os animais morriam de sede e a terra esturricava ante o sol infernal. Mas, hoje acordei ouvindo a trepidação das telhas e o aguaceiro caindo pelas bicas. E o melhor: ela não passava de jeito nenhum. Choveu muito. E parece que vai chover mais. Tomara que tenha chovido na mesma quantidade lá pelo interior do estado. É lá que a coisa tá feia e as rezes estão a morrer. Os urubus fazem a festa ante tanta carniça.

O tempo tá fechado neste momento e parece que vai continuar a chover. Queira Deus minha previsão se confirme. Deixo de ir à praia fazer a minha corrida de todo dia, mas, fico com um prazer danado de está trancado, sem poder sair de casa, por causa da chuva bendita.

Ouço os ben-te-vis na matinha próxima de casa e as rolinhas a catar pedrinhas na areia me informam que a vida late por essas bandas. Mas, tá bom mesmo é para praticar a preguiça. O sol está cândido, Intimidado pelas nuvens pesadas que o impedem de botar a cara para fora. Somos nós dois que não podemos sair de casa hoje. Nem eu nem o sol. Graças a Deus!

Wanderley Lucena

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A MARIA-FARINHA


Estou quarando aqui na Praia do Francês. A rotina é correr na praia ouvindo o som das ondas e vendos as andorinhas a catarem pequenos moluscos. A areia recebe meus pés enquanto corro e parece me convidar a fincá-los nestas terra alagoanas. Entretanto fico a resistir, sorrateiro, imaginando que pode existir lugar melhor. E o som do mar, falando-me nas ondas, num chuá-chuá-chuá que no meu íntimo parece traduzir-se em su-ces-so, su-ces-so. Mas, ainda assim, fico a pensar inseguro - pode ser alguma sereia a querer encantar-me e levar-me para a profundezas do mar, intentando matar-me a seguir, enebriando-me com encantos e prazeres.

E tem também um caranguejinho branco que se chama Maria-farinha. Corre apressado e se esconde em sua toca. A Maria-farinha é branquinha e ligeira. E foi esse caranguejeirinho que inspirou Marisa Monte a compor a belíssima "Maria de Verdade":


Pousa-se toda Maria
no varal das 22 fadas, nuas, lourinhas
Fostes besouro Maria
e a aba do Pierrot descosturou na bainha

Farinhar bem, derramar a canção
Revirar trens, louco mover paixão
Nas direções, programado e emoldurado
Esperarei romântico

Sou a pessoa Maria 
Na água quente e boa gente tua, Maria
Voa quem voa, Maria
e alma sempre boa, sempre vou à Maria

Farinhar bem, derramar a canção
Revirar trens, louco mover paixão
Nas direções, programado e emoldurado
Esperarei romântico


Tou vitimado no profundo poço
na poça do mundo
do céu amor vai chover
mesmo que doa, Maria
tua pessoa, Maria

Farinhar bem, derramar a canção
Revirar trens, louco mover paixão
Nas direções, programado e emoldurado
Esperarei romântico.

E se você não ouviu a tal música não sabe o que está perdendo. Vá lá e ouça! Lembre-se mim! Mas, não chore! Apenas sorria e torça para que estejamos juntos, a correr pela praia, a ver a Maria-farinha, as andorinhas e ouvir as ondas do mar a nos sussurrar: su-ces-so! chuá-chuá-chuá!

Wanderley Lucena