segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Premonição Planejada

Eu queria já está por lá. Continuo por aqui. O universo tem o seu tempo. E... se eu já estivesse por lá não me teria chegado tão boa notícia. Vou melhor. Levarei suprimentos suficientes para uma vida digna. Mas, a ansiedade não é pequena. Vejo ruas de pedras limpas de cidade velha e bem conservada. O sol é cálido e dourado. O clima é ameno e as pessoas amistosas. Minha casa me cabe e me envolve como o meu lençol limpo e cheiroso. Musica boa tocando ali e um cheirinho bom vem da cozinha. Vai um café? Adoro café tirado na hora. Os telhados vermelhos a partir da minha janela. O ar puro que entra e que chega úmido daquele velho, cantado nos fados, logo ali pra baixo. A minha rua é calma e tem muros de pedras seculares enfeitados por flores que neles se afincam e se enramam. Tem um bom vinho naquela mesinha ali no canto. Vamos beber até tarde da noite. Ouça o fado na casa vizinha. Ela é uma velha senhora que mora sozinha e não se assusta com isso. Ela tem visitas todas as semanas. É educada e tem cachorrinho com o qual sobe e desce as escadas para levá-lo pra passear varias vezes ao dia. Aquela cúpula arredondada lá na frente, depois dos telhados. É uma mesquita. Uma hora vou lá de curiosidade. Tem as tores das igrejas e os sinos tocam todos os dias no final da tarde. Tem bares e gente bonita a falar sem parar. Eu já chegarei aí. Eu já chego.

Wanderley Lucena

domingo, 15 de janeiro de 2017

Liberdade


Nasci na igreja evangélica e nela grande parte de meu caráter se formou. Li e reli a bíblia. Mas, não só isso. Eu a estudei. Mas, graças a Deus, não estudei apenas a bíblia ao longo de minha vida. Hoje sou, verdadeiramente, livre. Já não tenho mais medo e o peso da culpa eu perdi no dia em que descobri ser o tal livro sagrado, bíblia, um belíssimo instrumento de manipulação e que o seu conteúdo, no quesito fábula, é de fazer inveja à Disney. E obrigado por me dimensionar.

Wanderley Lucena

Diálogo


Discussão interessante. Fico aqui a pensar quem vai "ganha-lá".
Penso que nenhum dos lados.
Querem convencer o outro com argumentos pessoais, apresentam referencial teórico feito por homens (inspirados...?).
Não julgo nem um e nem outro, tenho minhas convicções religiosas, sou evangélico leio a Bíblia, assim como leio outras literaturas sobre o tema, mas não posso e nem devo impor minhas crenças, fazer valer minha ideologia á força.
Apresento, vejo a outra parte e julgo pra mim mesmo o que é válido.
Se tiver que haver mudanças entre as partes que sejam estimuladas de dentro pra fora.
O que vem de fora é apenas uma fonte, a decisão de mudar é minha e tão somente minha.

Mas reitero, a discussão é interessante.
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Eu entendo que Deus pode todas as coisas, segundo consta da bíblia. Eu acreditava que Deus era quem nos escolhia e, misericordiosa mente, nos inundava com seu amor e que ali nascia uma nova criatura. Acredito,meu querido amigo, que a mudança pode mesmo ocorrer das duas maneiras. Existem pessoas totalmente degradadas que são transformados, verdadeiramente, depois da mensagem do evangelho, do islã ou de qualquer outra religião. Acredito que a grande maioria deve sua ética a uma disciplina de vida rígida dos que decidem ser bons. Nos dois casos, vejo a mão de Deus. Não o deus criatura por nós descrito no que se denomina livro sagrado.
Concordo que o diálogo entre as duas partes não sabem dialogar, sequer, se respeitar.
Mas, existe uma platéia, e ela não é pequena, sedenta por sangue. Sangue de idéias. Sangue do embate de idéias, compreende?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Eu não sou a Universal


É perceptível e descarada a tentativa rocambolesca da Record em imitação barata e mal feita da estética global. Quando a dita emissora tenta ser original o resultado do produto é pior que a tentativa da imitação. O que é essa novela bíblica que nem sei é "Os Dez Mandamentos" ou se a sua continuidade? Parece mesmo um rocambole feito aos murros em cozinha pobre de mulher bem sebosa! Mas, tem uma tal "Escrava Mãe" que tenta pegar uma carona na antiga novela sucesso global "A Escrava Isaura". O enredo não se emenda e a produção é tão pobre que parece se situar num circo mambembe pobre de beira de BR de interior do nosso Brasil. A produção chega a ser um acinte às inteligências medianas.  Um pavor que passa para o intervalo da propaganda onde desconhecidos se dizendo "grandes" e bem sucedidos empreendedores se intitulam "Eu sou a Universal". Eu não sou a Universal.

Wanderley Lucena

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Águas Claras

Tem manga que nao acaba; tem pitanga e acerola; tem goiaba e tem abacate e, por incrível que pareça, tem até tamarindo. Sim, tem tamarindo, essa fruta que muita gente nem conhece e que, de tão azeda, trava o palato e faz salivar. É mais  azeda que manga azeda que manga verde. Aliás, manga verde bem picadinha, sal e uma pitada de pimenta do reino... pense num sabor exótico que enche o bucho da meninada num verdadeiro banquete. Pode comer com colher ou de mão cheia mesmo. Os dentes ficam embotados e fica assim por uns três dias. Fica difícil de escovar. Mas, comer manga verde com sal e pimenta do reino é mais que comida, é verdadeira travessura. Agora, pense no azedo da manga e dobre. Sim, é mais azedo que manga verde. É uma delícia quando vira suco. Mas, pra quem veio do nordeste brasileiro, não há como não comer a fruta marrom e de cascata seca. Tinha tudo pra não representar nada, mas, é uma delícia. É tudo isso aqui em frente à minha casa. Desço o elevador e, em frente à portaria, um portão aberto até as 22h. É o portão do parque de Águas Claras, cidade satélite de Brasília. Muitos são os pássaros a cantar frenéticos. Os ben-te-vis são dos mais presentes. Desde o alvorecer até ao anoitecer eles cantam loucos. Periquitos e vin-vins, carcarás e corujas, pombas rolinhas, avuaçãs e juritis, gaviões e anuns. Tem muitos cães domésticos a brincarem acompanhados de seus donos. E... águas límpidas e cristalinas que nascem aqui mesmo, dentro do parque. Formam um córrego e se vão dentre a terra ou canalizadas em tubulações que o homem impõe.   Vale muito sentar por aqui, num banco qualquer, com o livro pra ler ou só pra ficar a ver toda a cena adiante dos olhos.

Wanderley Lucena