segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

É

Em dia de chuva e a ouvir o trepidar dos pingos que caem biqueira abaixo e sob o edredom que me aquece nesse frio que mais parece o fim dos tempos. Se bem que o fim dos tempos é com fogo, né? Mas, o dia tá mais pra chocolate e foundie. Os dedos correm no controle remoto em busca de um bom filme cabeça. 

Com chuva ainda fina me fui em busca de um restaurante diferente que me surpreendesse com um menu simples e apetitoso que por aqui não é tão difícil assim de se achar. Ante o chuvisco preferi pegar um ônibus e descer duas paradas depois já em Santo Amaro, bairro vizinho e aos pés da Ponte 25 de Abril. 

Andei toda uma rua a ver cardápios e já a me aborrecer ante a desilusão das mesmices e da fina chuva que me molhava. Na última esquina desisti e entrei numa pastelaria restaurante e pedi um bife grelhado. Nada demais. Nada que mereça descrição. Tão sem graça quanto uma página rabiscada que foi jogada na calçada. Bife esbranquiçado, arroz mais ou menos e umas batatas empapadas em óleo. Uma taça de vinho ruim e um café sem graça. Ainda bem que a conta não saiu tão cara. Voltei pra casa, para o meu edredon e para o controle remoto.

Narcisismo

Publicam-se futilidades e esperam-se elogios mil por meio de curtidas idiotas. Ninguém gosta do contraditório. Quando o percebem partem para ataques infantis e grosseiros. Vivem dentro de bolhas ilusórias que não podem ser estouradas. Eu não vou curtir a sua publicação apenas porque você quer. Não vou deixar de comentar apenas porque você pode não gostar. Se publicas é porque queres a publicidade. Pensa nisso na próxima publicação, pode ser? E mais: ao invés de ficar numa discussão sem fim à qual você considera infrutífera - mas eu não - existe uma ferramenta mágica chamada "Bloqueio". A ferramenta está disponível para mim, inclusive! É que "Narciso acha feio o que não é espelho!"   

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Faça Nada



Vá ver um filme
Diminua o volume
Á meia luz
Fique na cama
Ligue o ar
Inspire
Expire
Repita
Bote um incenso pra queimar
Agarre-se na almofada
Feche os olhos e meta-se em si mesmo
Faça o diabo
Faça o anjo
Mas faça
Faça nada
Fazer nada é fazer muito
Fazer nada é para o sábado
Hahhhh!
Que preguiça!

Metáfora

O caminho que está à minha frente é longo e não sei se alcançarei o seu fim, embora, meu coração me diga a cada passo dado que sim. São muitas as intempéries ao longo do caminho e o cansaço não é boa companhia. Despenhadeiros podem ser lindos mas podem ser trágicos se, num escorregão, for lançado para dentro deles. As flores da primavera ou as flores do outono são conforto que entra pelas janelas e me vai para a alma. Já o inverno pode ser de temperatura baixa demais e o verão de temperatura alta demais. Melhor é não arriscar por essas épocas e curtir o edredom como os esquilos preferem as tocas.

A caminhada é solitária e é para dentro de mim mesmo. O caminho à minha frente é longo e apenas metafórico ao que, de verdade me importa, o meu caminho para dentro. Embora a caminhada seja solitária os encontros são essenciais. Eles podem ser breves e intensos na positividade ou não. As almas encontradas ao longo do caminho, se próximas da mesma vibração que a minha, saberão me passar sua energia e conhecimento e, se for o caso, serem receptoras da minha. Nessa troca apreendo o conhecimento que pode ser científico ou espiritual. 

Quem me prejulga desde suas crenças sedimentadas me acusa de ateísmo como se isso pudesse me levar à fogueira como levou as bruxas num passado não tão distante. E depois de afirmar não ser ateu, nem assim, deixo de ser. Eu até gostaria de ser. Mas, o que percebo não me permite. A acusação se dá ante ao fato de não acreditar conforme acredita e por não considerar inteligente acreditar por acreditar ou por medo de infernos ou castigos. Nesses encontros, em geral, saio com a sensação de que escapei da fogueira mais uma vez e só porque não nasci na idade média. Em todo o caso, mesmo com ranhuras e arranhões, propositados ou não, houve a troca. 

Nesse momento de minha caminhada estou sentado sobre a pedra a olhar o vale a ser transcorrido e vejo lá adiante a imensa montanha. Não sei o que me aguarda. Mas, sei que preciso continuar. O fim do caminho, ao menos por enquanto, é do outro lado da montanha. Para chegar lá me apego ao desconhecido e a ele peço proteção. E me faço acompanhar por minhas intuições em alertas que poderiam ser recados vindos de alguma galáxia distante dentro de mim. Muito obrigado!

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

O Gajo Folião

Estava eu na Pastelaria do Zé, aqui no bairro, a tomar um café. Adoro a Pastelaria do ZÉ. O bairro todo ama a pastelaria do Zé. O Zé é figura bonachona com um típico bigodinho português. O Zé deveria ser homenageado com um busto em bronze num pedestal de alguma praça daqui. Todo mundo ama o Zé. Basta vem as demais pastelarias da rua, com ambientes iguais ou melhores, vazias enquanto que a do Zé está entupida de gente. Por vezes, é difícil chegar ao balcão. O Zé trabalha sozinho e já tem seus 65 anos de idade. Esses dias atrás a conversar com ele que me informou que trabalha ali faz 35 anos, é o dono do estabelecimento e não sabe quando vai parar. Certo é que o Zé não perde o humor mesmo a passar 14 horas ou mais a servir à clientela que, nem sempre, tem o mesmo humor.

Mas, hoje fui cumprir a minha obrigação de tomar ali o meu café diário. Estavam ali uns dez clientes e o Zé a me tirar um café quando entra um folião de carnaval de Lisboa, coberto dos pés à cabeça com lençois de hospitais sujos de sangue e gosma amarela - não sei se falsas - e uma máscara que era a mistura de macaco com black bloks, deixando a todos meio de cabelo em pé até que nos caisse a ficha: é carnaval.

O folião desenvolto e com intimidade de quem conhecia muito bem o ambiente e o Zé, mas sem dizer uma palavra, adentrou para o balcão do Zé e isso denotava ainda mais a intimidade.

O Zé apenas perguntava repetidamente:

- Quem será o gajo? Quem será o gajo?

O gajo continuava mudo, mas apontou o dedo coberto por uma luvas em forma de garras à máquina de café. O Zé, eu e todo mundo entendeu que o gajo folião queria um café. O Zé passou a tirar o café enquanto eu, o Zé e todo e todo mundo - suponho - pensávamos:

- O gajo vai ter tirar a máscara enquanto toma esse café.

Imagino que a curiosidade de todos era igual à minha e até à sua que ler esta cronica. Mas, o gajo não era tão bobo e levou a xícara até a altura da boca e a desceu. Du-nos a costa com xícara na mão enquanto andava rumo ao banheiro. O fdp se trancou no banheiro, acreditem! Saiu da pastelaria depois de pegar a conta. Sim, saiu sem dizer palavra!  

O Bem que me Faço

O bem que faço - se é que o faço - não o faço a esperar recompensa divina num paraíso por vir. O bem que faço - se é que o faço - o faço por piedade inerente à todos os indivíduos. O bem que faço - se é que o faço - o faço porque o posso e sem nenhum interesse em qualquer retorno, sequer gratidão de quem foi alvo da minha ação. O bem que faço - se é que o faço - não o faço por ordem de qualquer livro sagrado ou ser divino. O bem que faço - se é que o faço - não o faço a esperar que me seja retornado em dobro ou mil vezes. O bem que faço - se é que o faço - faço por mim mesmo. Porque esse ato é pura gratidão à vida que tanto me tem dado. O bem que faço - se é que o faço - o faço porque a sensação de dividir o pão com quem passa fome é algo inebriante e que me invade alma e me traz lágrimas aos olhos. É tal ato viciante tanto quanto as substâncias químicas tóxicas proibidas. Experimente você também esse agir sem interesse e você verá que o filósofo tinha toda a razão ao afirmar: não existe ato mais egoísta que o fazer o bem ao próximo.

Muito que Bem!

O bem que faço - se é que o faço - não o faço a esperar recompensa divina num paraíso por vir. O bem que faço - se é que o faço - o faço por piedade inerente à todos os indivíduos. O bem que faço - se é que o faço - o faço porque o posso e sem nenhum interesse em qualquer retorno, sequer gratidão de quem foi alvo da minha ação. O bem que faço - se é que o faço - não o faço por ordem de qualquer livro sagrado ou ser divino. O bem que faço - se é que o faço - não o faço a esperar que me seja retornado em dobro ou mil vezes. O bem que faço - se é que o faço - faço por mim mesmo. Porque esse ato é pura gratidão à vida que tanto me tem dado. O bem que faço - se é que o faço - o faço porque a sensação de dividir o pão com quem passa fome é algo inebriante e que me invade alma e me traz lágrimas aos olhos. É tal ato viciante tanto quanto as substâncias químicas tóxicas proibidas. Experimente você também esse agir sem interesse e você verá que o filósofo tinha toda a razão ao afirmar: não existe ato mais egoísta que o fazer o bem ao próximo.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Um Portugal Inteiro e Muito Mais

Fazia tempos que nada publicava no meu blog. Estava com saudades dessa atividade tão prazeiroza.  Migrei para Portugal e radiquei-me em Lisboa. Meu computador deixei no Brasil e só agora um amigo o trouxe. Publicar no blog por meio de Ifone era impraticável e me exigia paciência que não tenho. Já se vão mais de seis meses aqui e meu visto de residencia já está na mão. Não intento voltar ao Brasil a não ser para pegar um sol e rever amigos e parentes. Essa é a intenção!

Lisboa é a cidade que busquei para viver. Não sei se será para toda a vida, pois a andar por este pequeno país me deparo com cada cidade linda que fico a me imaginar a morar um pouco em cada uma delas. Mas, é aqui que sou feliz e daqui que extraio energia para o meu dia. Meus dias têm sido de descobertas e prazer. Experimentar os sabores e sentir os cheiros é o meu cotidiano. As folhas e flores podem oferecer odores que são de lavanda, jasmim, laranjeira, oliveira, cravo, canela, etc... A mesa portuguesa é de fartura que beira à falta de educação. Mas, por ser cidade cosmopolita, Lisboa oferece culinária do mundo. Já comi em restaurante nepalês, indiano, morçambicano, zimbabuiano e muito mais.

Sinto-me em total segurança neste país e, mesmo na madrugada, ando com meu telemóvel na mão a digitar, venho á pé para a minha casa, despreocupado porque só por um infortúnio serei assaltado. As calçadas são em pedra portuguesa branca, limpas e sem degraus. A mesma calçada do centro da cidade é a mesmo de todos os demais bairros. Os ônibus têm arcondicionado e se respeitam os lugares reservados a idosos ou passageiros especiais. As filas são obedecidas e as faixas de pedestres são, de verdade, obedecidas pelos condutores.

Sim, já fui á rede pública de saúde para fazer exames de rotina e o padrão é igual à particular do Brasil. Os exames são marcados com antecedência e se recebe em casa a comunicação do dia e horário dos mesmos.

Come-se muito bem e a preços semelhantes aos brasileiros. A diferença básica é que o produto que chega à mesa é de qualidade e, até a banana ou a manga que vem daí, não está recheada de agrotóxicos. Os serviços básicos do Estado funcionam engrenados e têm pessoal preparado e treinado para o serviço prestado.

Tem a vantagem de se está na Europa e portanto muito mais fácil conhecer os demais paises daqui já que fica baratinho. E tem um Portugal inteiro para ver e descobrir. E nesse caso você pode fazer tudo de comboio, ou seja, de trem.

Daí você arruma as malas e decide vir correndo no próximo voo para cá. A decisão é sua e cada caso é um caso. Existem diversos vistos de permanência. O meu é o Visto denominado D7 e é especial e específico para aposentados não só do Brasil. Todo o meu processo começou no Brasil, na Embaixada portuguesa. Existem outros vistos como o Gold que basta que você tenha 500 mil Euros no bolso e você compra. Tem o de empreendedor que você precisa de 5 mil Euros para tirar. Tem o visto para estudantes, o de trabalho e vários outros. 

A minha vida é ótima aqui. Se a sua também será? Não tenho como responder a isso.