quarta-feira, 7 de novembro de 2012

FELIZ ATÉ O TALO!


Já tive várias dúvidas que me atordoaram o juízo por boa parte da minha vida. Hoje tenho respostas que me parecem mais reais, mais verdadeiras do que aquelas às quais eu era obrigado a acreditar pela "fé". E é pela fé que a Xuxa ver duendes e eu posso acreditar em Saci Pererê, mula-sem-cabeça, fadas, anjos etc...

"A fé é plena convicção das coisas que não se vêem". Ouvi tal definição quando da minha cegueira religiosa e a repetia como papagaio, orgulhoso de minha ignorância. É possível ter plena convicção das coisas que não se vêem? Afirmo que não. 

A fé deveria vir de experiência real com a divindade, com o Cosmos, com Deus ou com aquele a quem sequer sabemos denominar. A fé não deveria ser apregoada por quem nunca teve tais experiências inexplicáveis e milagrosas. 

Precisei ler o texto de Spinoza no qual ele fala de um Deus que nos fez humanos e cheios de paixões, de vontades, desejos, falhas e livre arbítrio e, ao final, é o responsável por tudo e que nos estimula. Esse Deus quer que vivamos com toda a intensidade de nossa humanidade divina. Quer Ele que gozemos como se fôssemos morrer no próximo minuto. Um Deus que despreza nossa adoração em templos por nós mesmos construídos e que servem para alimentar o discurso castrador das religiões que, por séculos nos incutiram a culpa por sermos quem somos. Essa culpa só serve para nos afligir a alma e nos trazer doenças psicológicas e psiquiátricas e, em plano bem raso, para alimentar os imensos cofres de quem as lidera.

Pois bem! O templo de Deus está à tua frente. Ver a amplitude para cima e te sentirás em abóbada que ecoa o som da natureza e sentirás que Deus está ao teu redor. E se olhares, mesmo sem muita atenção, te perceberás parte desse cosmos e que dentro de ti existe universo tão grande quanto o que miras para fora. Se sentirás tão pequeno que terás vontade de te prostrares ante tal maravilha. Maravilha à qual só podemos, em êxtase, louvarmos. 

A vida é milagre que, mesmo depois de explicado pelas ciências, permanecerá misteriosa. O corpo, a matéria, já sabemos de onde veio e para onde vai. Mas, essa energia que faz essa caixa chamada corpo se movimentar, sentir, falar, etc... Que energia é esta? De onde veio? Para onde vai? Uma vez me pus a olhar um morto num velório e a pensar sobre isso. Para onde foi a energia que fazia  aquela caixa chamada corpo se movimentar?

Tentar explicar Deus é inútil. E renego e desprezo quem o pinta "assim e assado". Deus é inexplicável. As escrituras ditas "sagradas" o pintam com as características de um ser humano bem pior que eu mesmo. Trata-se de um mequetrefe. Uma criatura feia, mal humorada, rancorosa, medrosa, ciumenta, insegura, xenofóbica, genocida, assassina, vingativa (até a quarta geração), homofóbica, etc... Esse Deus não me serve e, afirmo categoricamente, não passa de uma criatura.

Conheço um Deus que não sei explicar porque jamais o vi. Já senti emoções, e sensações e intuições às quais obedeci e que, ao final, me levaram à satisfação daquele momento. Isso se fez de forma milagrosa e, totalmente, inexplicada.

Não posso negar que exista um mistério para dentro e para fora. E a esse mistério fantástico atribuo um Deus misericordioso que jamais faria um lago de fogo para queimar à sua própria criação. Acredito num Deus que me manda ser feliz até o talo!

Wanderley Lucena