As letras que compõem o canteiro deste blog germinaram naturalmente em solo regado de sensibilidade, amor, crítica, revolta, altruísmo e empatia. Não é minha pretensão agradar à todo mundo. Ainda que lhe cause o espanto, só lhe quero emocionar.
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Oceano
Funeral de Mim
Eu vos apresento o meu funeral
Eu já morri várias vezes
E fui ao meu funeral todas as vezes que morri
E chorei lágrimas grossas que rolaram como um rio por meu rosto
E penetraram-me a pele e atingiram-me a minha alma
E minha alma já fazia a viagem quando eu com ela me encontrava e a convencia a voltar
E, como a fénix, renasci todas as vezes
Minha alma aprendeu o caminho e já me voltava sozinha
Ao corpo ali exposto em urna fúnebre e coberto de flores
Ao invés de chorar passei a sorrir pelo renascimento
Parei de me vestir de preto
As flores do meu funeral e preferi enfeitar a minha casa com elas
Passei a levar cachaça e uma vitrola com uns vinis do Secos-e-molhados
Eu passei a dançar no meu funeral e a rir da morte
Um verdadeiro escárnio
Um deboche imperdoável
Mas a morte nunca se fez de indignada
Parecia mesmo era gostar
Continuo a morrer todos os dias
E sei que um dia vou morrer e não mais voltarei
Mas vou conversar eternamente com minha alma
E vamos morrer de rir
Wan Lucena
domingo, 13 de setembro de 2020
Umbilical
Olhe para o umbigo...
Um ponto...
Pode ser uma reticencia...
Basta imaginar...
A inspiração bater...
E nos levar...
Levar para o hifen entre as nossas pernas...
Para o O entre as nádegas...
E eis a poesia