sexta-feira, 29 de julho de 2011

VONTADES


Tenho inúmeras vontades. 
Há muitas vontades habitando cá comigo, habito num mundo, vasto mundo, de vontades. 
Talvez eu seja uma daquelas pessoas que se possa chamar de "cheinha das vontades", favor não confundir com "cheinha do querer".
Por exemplo, às vezes, tenho vontade de abraçar o mundo, de viajar o mundo, de cuidar de todo mundo. 
Outras vezes, quando fico estressada, tenho vontade de chutar o balde ou enfiar o pé na jaca. Quando dá, chuto mesmo, mas tem situações que não dá e nessas, o melhor a fazer é exercitar a respiração e exercitar outra vez, contar até dez, cem, mil ou até mesmo engolir um sapinho, de quando em vez, não faz mal.
Aliás, segue uma dica:  vale à pena investigar quantas calorias tem o sapo que se pretende engolir.
Tem hora que dá vontade mesmo é de tirar a roupa, sair correndo e gritando, quase sempre essa vontade aparece em dia de trânsito lento. 
Ainda bem que tem vontade que dá e passa. 
Todavia, há outras, que não passam tão facilmente. 
Vontades silenciosas. 
Vontades espalhafatosas.
Tem uma vontade que sempre me é presente, é a vontade de entregar sorrisos.
Quase sempre consigo realizá-la, só preciso que o outro esteja  aberto. 
Uma vontade louca que me dá, é a vontade de cheirar, essa é uma das vontades que dependendo da situação pode soar estranha ou até mesmo cômica. 
Mas, não resisto, me entrego e cheiro. 
Cheiro mesmo. 
Há também a vontade de fazer "Hummm!" quando estou prestes a saborear um prato que estava com muita vontade de comer, é quase que uma vontade automática. 
Vontade de tomar sorvete azedo, é uma vontade que é só minha.
Tem vontade que pode ser dividida, por exemplo, vontade de dormir de conchinha. 
Tem vontade que  pode ser divertida. 
Passar vontade no outro, pode ser divertido. 
Deixar o outro na vontade e matá-la, é diversão na certa.
Vontade só deixa de ser vontade quando a realizamos. 
O que não dá é pra ficar na vontade.
Já tive vontade de ser loira, de ser ruiva. 
De ter cabelos curtos, compridos. 
Lisos, encaracolados, realizei. 
Já tive vontade de viajar por horas dirigindo o carro por uma estrada qualquer, só eu e o "Creedence", em alto e bom som, viajei. 
Já tive vontade de morar no interior, morei. 
Já tive vontade de pedir um namorado pra lua, pedi. 
Já tive vontade de tomar banho de mangueira depois de ser "gente grande", tomei. 
Já tive vontade de chorar no meio do filme, chorei. 
Já tive vontade de comprar um sapato e comprei três. 
Já tive vontade de fazer uma tatuagem, fiz. 
Tenho vontade de fazer outras, farei. 
Já tive vontade de casar, casei. 
Hoje, confesso que essa foi uma das vontades mais engraçadas que eu já tive. 
Já tive vontade de plantar uma árvore, plantei. 
Já tive vontade de escrever um livro e ainda tenho. 
Vontade de ter filhos. 
De adotar um filho.
Já tive vontade de não ter vontades, sorte a minha que nunca consegui realizá-la. 
O que não dá é para ficar sem vontade.
Sou mesmo uma garota cheia e movida pelas vontades.
Hoje tenho vontade de ter vontades. 
Invento as minhas própria vontades, só para realizá-las depois.
Agora há poucos instantes mesmo, tive vontade de comprar um casaco de bolinha e outro de listrinha.
Não comprei, mas uma amiga matou a sua vontade e comprou. 
Também fiquei feliz.
Melhor é ser cheia das vontades, que caminhar vazia.
Respeito as minhas vontades assim como respeito e considero as suas.
Apesar de escrever sobre tantas vontades que tenho, que as terei, que mato, certa de que construirei outras. 
Apesar de dizer tanto, a única coisa que eu queria mesmo expressar é que hoje, hoje eu acordei novamente com aquela estranha vontade, a vontade de ir morar no mato.

"Ôh, vontade de ir morar no mato!"


Extraido do blog: Coisas de Madá - http://linguagemimagembobagem2009.blogspot.com/

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