domingo, 29 de abril de 2018

Plenitude e Felicidade

A ouvir Os Tribalistas e a fazer o almoço enquanto tomo um vinho alentejano, 15% de volume. Coisa boa é viver certa rotina de bem viver. Não é extravagância de modo algum. Tampouco é mera exposição de virtual da hipocrisia que impera e boia na futilidade dos dias atuais. Trata-se de um estado que compartilho com vocês e que tem a intenção de trazer-lhes a esperança no futuro tão sonhado da digna e merecida estabilidade e que está disponível a qualquer um que decida manter foco e disciplina para atingir um objetivo. Estou onde sempre desejei e quis. Aos que me aconselham manter o anonimato para que a inveja alheia não me atinja eu lhes informo não preocupar com tais sentimentos mesquinhos de quem perdeu a esperança ante a ignorância de acreditar-se impotente para a luta que levaria à tão desejada estabilidade. A minha intenção é informar à todos que a mudança é possível e que para tanto, o segredo, passa por sentir-se grato ante ao que já se conquistou e fazer tudo o que se dirigir ao próximo sem o interesse de qualquer retorno, mesmo que a gratidão.

Agora o R.E.M. canta Everybody Hurts e a vontade chorar, talvez pelo 15% de volume, me chega ao peito e na minha memória as velhas lembranças do passado de pobreza e tristeza. Da solidão do quarto iluminado com lamparinas e das redes estendidas sob o teto de palha de côco babaçu e das paredes humildes de taipa ante céu estrelado favorecido pela carência de eletricidade. Ao quarto ao lado meus pais dormiam em colchão de palha de junco depois de árduo dia de trabalho na roça.  A minha memória me leva para o menino carente que aceitava aquela situação de pobreza e que assustado ante o futuro contava com a sorte que não tinha muita certeza se lhe sorriria. Mas, ela escancarou-lhe os dentes e arregalou-lhe os olhos e, não se sabe porque, o escolheu para agraciar.

Cá estou eu pleno de felicidade e com a 25 de Abril à minha janela. E a sorte pode lhe sorrir igualmente se continuar a manter a esperança e tiver a disciplina para trilhar o caminho. E nunca é tarde porque o tempo pertence á Ele, o Cosmos. Mesmo que já próximo ao fim é possível encontrar a plenitude. E esqueça a religião e suas mentiras. Acredite em si mesmo e olhe para as estrelas e se perceba parte disso tudo. Somos parte do Cosmos e a ele sempre pertenceremos. A ingratidão é atitude que atinge o Cosmos e nos faz penar para que, na dor, possamos aprender a valorizar a saúde, o dia e as pequenas coisas da vida.

Quem sofre tem acreditar, acreditar e acreditar. A esperança nunca pode morrer e jamais morrerá. E quem atingiu a estabilidade e a plenitude da felicidade tem obrigações para com toda a humanidade e não se pode apenas a ficar a olhar desgraça desde o balcão da janela. É preciso descer até quem sofre e agir. Eu tenho feito um pouco e tenho procurado alguns dos meus irmãos. 

Não me olhe desde onde se encontra a achar que minha grama é mais verde que a sua quando o que precisas é simplesmente cuidá-la com capricho e regá-la com disciplina. Não queiras a minha grama verde quando tu tens a obrigação de cuidar da tua. E como agora me diz Almir Sater " Cada ser em sí carrega o dom de ser capaz e ser feliz!". Mais um trago? Pra mim sim!




sexta-feira, 20 de abril de 2018

Penumbra

Quem dera a tua amargura fizesse mal apenas à ti. Mas, ela atinge a tantos mais. Atinge a tua família, os teus amigos, o teu meio ambiente. Quem quer viver na amargura que o viva sem atingir à ninguém - como se isso fosse possível. Quem vive a amargura perde, não só a esperança e a felicidade, mas desvia o caráter e abre mão de valores humanos essenciais, como por exemplo, a ética. Quem está doente que se cure. Não se tem o direito de atingir, de maneira egoísta e equivocada, aos demais. Abrir mão da felicidade e viver na penumbra da depressão, pode sim, ser uma escolha e não uma dessas doenças da alma. E quem opta por tal situação o faz por pura maldade. E há cura para tanto. A cura passa pela dor das perdas. Há que perder o conforto da posição egoísta e perder, muitas vezes, a própria saude para, como a fênix, ressurgir das cinzas. Quem estiver a fazer companhia a tais seres corre risco de infectar-se. São péssimas companhias e não pensarão duas vezes antes de lançarem dardos inflamados e contaminados, pelas suas costas ou não. Eu, quando identifico um desses seres, bloqueio!

domingo, 15 de abril de 2018

Feliz Solidão

Foi de bike que sai disposto a chegar em Cascais desde Lisboa onde vivo. É uma boa distância, mas a paisagem linda e com o oceano à esquerda o tempo todo e a 180º. À minha direita  muitas freguesias e bairros, serras e penhascos, hotéis e hospitais, casas majestosas de não sei quantos séculos e que poderiam ser palacetes e até pequenos castelos. Tinham os fortes a proteger a costa não sei de quem; os faróis a piscar eternamente a sua lanterna em direção ao mar e a guiar os navios e barcos de pescadores; e também jardins bem cuidados com mirantes que acolhem casais de namorados, idosos a fumar um charuto ou transeuntes com seus cachorros. Lá longe onde a vista acaba vi uma construção que mais parecia um castelo erigido sobre alguma ilhota e que a moça de um café me disse ser apenas mais um forte. Mas, o barquinho de algum pescador no infinito azul era só mais um ponto que não chegava ao de uma gaivota. 

Passei por sobre pontes e viadutos e por baixo deles também passei. Ultrapassei pedestres em caminhadas lentas e contemplativas  ou a fazer a sua corrida de rotina para manutenção da vida e, porque não, do corpo. A orla abriga belos restaurantes pendurados em penhascos e cafés charmosos que servem cervejas mil e algumas chávenas - xícara aqui é chávena - de bom café. A ciclovia é um tapete. Tinha umas nuvens que indicavam chuva, porém isso aqui pode ser só donde se está e já ali na frente o sol bate à pino. Mas, elas caíram aqui ou ali, mas nada que fizesse sair da ciclovia e procurar abrigo. 

Vi o senhor solitário em sua casa acastelada sobre o penhasco do outro lado via. A imensa casa de três andares e torres castelhanas, toda em pedra irregular, quiçá uma das mais antigas construções dali. O velho senhor vestido de imponente feltro azul militar e com seu chapéu à la francesa e sua bengala, sentado na escadaria da velha casa enquanto pegava algum sol e olhava as ondas a quebrar na praia lá abaixo. O jardim e janelas mal cuidados denotavam a solidão do pobre rico senhor. Preparei a minha câmera-fone para sacar a foto de tão poética cena quando vi o cãozinho de médio porte a subir ligeiro as escadas em direção ao dono e vindo do imenso jardim, para um carinho. O danado me viu lá do outro lado a sacar a foto e, a latir,  correu para o portão e danou a ladrar sem parar fazendo com que seu velho dono percebesse a minha invasão de privacidade. E de lá ele fez-me aceno que eu correspondi em total reverência, quase a pedir perdão. Eis a solidão que aguarda tantos de nós. E a solidão pode ser ótima companhia quando se está em paz e se tem um cão fiel a guardar-nos. Deixei a cena com uma vontade imensa de entrar além do portão e ouvir as muitas estórias que deve ter o velho senhor a contar enquanto pudera eu admirar o interior de sua casa secular. 

As ondas batiam com violência nos penhascos que seguravam a ciclovia e molhava os transeuntes e eu não deixei de receber um banho do mar que quis lamber-me um pouco e experimentar um pouco do gosto da minha felicidade. Cheguei até o famoso Cassino de Estoril, já em Cascais e lembrei que ali Ian Fleming pariu o agente mais famoso de sua Majestade and Britain Queem, o James Bond, o 007. Dobrei minha bike e atravessei o túnel que dava para estação e peguei o primeiro trem de volta para casa. O vagão estava lotado de outras bicicletas que, espero, tenham sido seus proprietários tão felizes quanto este.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Janela de Felicidade

Não há infelicidade ou marasmo, mal humor ou olho atravessado que não faleça ante um porre de vinho do Porto e um Luiz Gonzaga a zabumbar numa caixa de som e a expulsar os demônios. Hoje é quarta feira e estou borracho do vinho do Porto que aqui custa apenas uma bagatela. Ouço boa música do Brasil, meu lindo! Saudades me batem no coração e no juízo. Saudades da seca que esturrica o Maranhão e faz poeira levantar nos pés pobres calçados de alpargatas da minha gente tão sofrida.  Não esqueci as minhas origens e a minha gente que para trás "ficou".

Ouço vossas lamúrias esperançadas em terços e ladainhas de quem espera em Deus a grande transformação social ou pessoal. Os outros que, adversos às ladainhas católicas, fazem orações ao novo Deus protestante que, sem qualquer distância, é o mesmo Deus que está crucificado e pendurado, inerte, nas igrejas católicas e repartições públicas. Todos adoramos o mesmo Deus, mesmo que de mim discordes e não queiras. Se o teu deus discorda do meu, desconfia - Deus não pode ser para discordâncias. O meu não discorda do teu. O Diabo é uma fantasia e não tem importância. O que importa é que estejas feliz mesmo que a arrastar as sandálias por estradas ou caminhos poeirentos do meu lindo e querido Maranhão. O que importa não é o que nos separa, mas o que nos une. E nos une o sangue. O sangue que em minhas veias corre é o mesmo sangue que está nas tuas. Eu não me importo se pensas diferente, só quero que sejas tão feliz quanto eu.

A felicidade é algo que se deve lançar pela janela, por peitos fartos e sorrisos largos mesmo que banguelas. A felicidade não é para ser contida. E que a semente lançada caia em terras férteis e úmidas. Viva Luiz Gonzaga! Viva o Brasil e o meu Maranhão! Viva a vida!

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Moinhos e Cata-ventos

Até Caldas da Rainha são cerca de uma hora e meia de viagem e que eu fiz de ónibus. A temperatura estava baixa e nuvens negras e pesadas indicavam que os céus cairiam sobre nossas cabeças à qualquer momento. E caíram torrencialmente. E foi lindo ver a chuva cair em fios largos que desciam pelo vidro da janela. O ónibus seguia suave pelo tapete que é o asfalto por aqui. Pouco mais adiante o sol ja brilhava intenso e iluminava a paisagem dos montes no horizonte. Moinhos seculares que guardam e moem os grãos ou modernos cata-ventos colossais a girar e gerar energia limpa e a fazer desse país auto suficiente em energia. A música ambiente é boa e a internet é livre dentro do autocarro que me leva rápido. Passo por aldeias seculares e vejo velhos castelos imponentes nos altos de colinas a tocar os céus com suas torres. Vinhedos e olivais e muitas outras plantações que não identifico em linheiras uniformes e cores variadas e que produzem frutas mil que comprarei no mercado do meu bairro. Portugal é muito mais!

Caldas da Raínha


Depois de pouco mais de uma hora em ónibus confortável e de chuva torrencial, com sol a brilhar intenso, estava em Caldas da Rainha. Como todas as demais cidades do país, é muito bem cuidada e limpa. A sensação de segurança se reflete e se pode andar tranquilamente pelas ruas seculares, entrar em becos, subir e descer escadarias ou andar pelos parques da cidade sem a sensação de que se vai ser assaltado na esquina ali na frente.


Com cerca de 30 mil habitantes e pertencente ao distrito de Leiria a história da cidade está intimamente ligada às suas fontes termais da qual se serviu a Rainha Leonor para se curar de sua úlcera ao banhar-se em suas aguas sulfurosas e de odor intenso.

A abundância de argila na região fez prosperar fábricas de cerâmica que a impulsionou a ser das principais representantes de tal arte no país. A cidade atraiu artistas que fizeram florescer ali um pujante centro artístico. A cerâmica hoje é tradicional e converteu a velha cidade em um dos principais centros produtores dessa arte.

Na tradicional e secular Feira da Fruta, compramos 20 peras e 10 maçãs a 1,50€. Aliás, a velha feira funciona numa bela praça, todos os dias do ano. No final de cada a feira se desfaz e praça fica intacta e pronta para namorados ou um passeio com o cachorro. Nem sinal das barracas. Encontram-se todos os produtos agrícolas produzidos na região e quem os vende é quem os produz. Uvas suculentas ou em passas, figos, peras, maçãs, nonias, framboesas, mirtilos, cerejas, nesperas, melões, sálvias, cebolas, batatas, tomilhos. Todos os tipos de temperos em pó ou não. Folhagens, raízes, frutos e flores. Tudo a preços de cair o queixo de tão barato. 

Teve céu limpo e azul com sol brilhante a chuva torrencial que me fez comprar um “chapéu de chuva”. E isso aqui é só um guarda chuva. 

Voltei no final do dia para Lisboa com um desejo danado de, num dia qualquer, botar o pé aqui de novo pea nunca mais sair.

domingo, 1 de abril de 2018

Mesa

Daqui para lá e sobre a minha mesa. Um guardanapo sujo de catarro, três pen drives, o computador notebook que agora escrevo, dois suportes plásticos para pratos quentes - o almoço sai já - um vinho Pegões Reserva safra 2013, uma taça meio cheia, dois celulares, uma maquina de café, uma caixa com três pasteis de Belém, uma fruteira com três laranjas, três bananas, uma maçã e uma caixa de Magnesium OK, um chip da vivo - não sei porque não criei coragem pra jogar essa porcaria no lixo - um mouse e uma agenda com capa de couro que guardam lembranças de viagens passadas.  tu do isso sobre a minha mesa. E nem está assim tão bagunçada!