terça-feira, 11 de setembro de 2018

Lisboa

Essas ruas centenárias por onde pisaram os pés de Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Amália Rodrigues e muitos mais; esses tantos largos, pracetas e esplandas que tanta estória testemunharam; esses tantos jardins deslumbrantes que de tantas cenas de amor entre casais foram palco; essas igrejas tão ricas e cheias de arte que a tantos reis e rainhas serviram para cerimônias grandiosas de casamento, batismos ou velórios; esses telhados vermelhos que reluzem ao sol e que vidas protegem felizes ou não; esses velhos elétricos que sobem e descem íngremes ladeiras e levam gente que já foi lisboeta mas hoje é de Babilônia; esses cafés aos quais paro só pra pedir "um expresso, faz favor" como se bom português fosse; essas tabacarias que vendem elegantes cachimbos a homens cultos e de bigodes mustache mais cuidados que a menina dos olhos; essas estátuas às centenas em pose eterna de eterno olhar sempre para o mesmo lugar e que assim continuarão talvez até o próximo terremoto; esses museus muito bem cuidados e que destoam do desleixo da minha história nacional que arde sob fogo ardente ante políticas negligentes; esses mirantes de onde miro o Tejo e muito além dele e de onde vejo o Cristo, um terço do nosso, mas que é exibido com o mesmo orgulho lusitano dos barqueiros que trazem as sardinhas que são assadas na frente de casa e que infestam toda a Lisboa com seu cheiro e que eu nem gosto.

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