quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A DIARISTA

Minha diarista compareceu depois das 10 horas, quase 11 na verdade. Como sempre, se fez acompanhar de sua bebê que, agora, já está com seis meses. Quando estava com apenas um mês de nascida, o raparigueiro do pai trocou sua mãe por uma mulher de reputação bastante duvidosa. Depois de esfregar a amante na cara da esposa, inclusive, levando-a, orgulhosamente, à igreja da qual eram membros, espalhou à comunidade que trocou a esposa pela amante por ser ela frígida, ruim de cama, o que segundo me afirmou ela própria, trata-se de tremenda infâmia e calúnia. 

O "filho-da-mãe" se dizia "pastor evangélico". Eita profissão sem credibilidade essa! Qualquer um se intitula "pastor". Que me perdoem os verdadeiros pastores que, embora, sejam uma minoria quase extinta, ainda existem aqui ou acolá. Meu Deus! O dito cujus era ex-drogado, ex-presidiário e outros ex mais e etc... e tal... mesmo assim, como tantos outros, foi nomeado "pastor". Neste momento, conforme me contou ela, o endiabrado está, de novo, entregue ao crack, depois de a amante tê-lo largado à própria sorte, quiçá, por frigidez dele ou por ter dote pouco avantajado. Entretanto, em nossa conversa, não fiquei sabendo dos pormenores anatômicos de tão reles indivíduo. 

Ainda bem que minha diarista decidiu viver. Danou a tomar a sua cervejinha e se recusa a botar os pés naquela "igreja". A "pastora" da sua "igreja" insiste em fazer-lhe "visitinhas" diariamente nas quais sempre lhe informa que ela irá queimar no inferno e lá, assim como tantos outros condenados por terem sido "felizes", ela tomará banho eterno em tacho de azeite fervente. E as tais pragas vêm depois de ter, a pastora, confidenciado à minha diarista, que "deitou-se", "coabitou" - no sentido bíblico - com o ex-marido quando ele lhe fez uma visita descompromissada. Detalhe: ele já tem outra família e pertence à mesma igreja, inclusive, como a tal pastora, ocupa cargo de liderança. Mas a tal pastora alegou ser humana, pecadora, falível. Que caiu na tentação sim, mas, que somente Deus poderia julgá-la. No entanto, se acha a pastora, no direito de jogar minha diarista no inferno porque não quer mais saber daquela igreja. 

Foi-se minha diarista curtir o carnaval de Barreiras na Bahia.  

- Isto aqui é para você pagar o motel, no caso de o "folião" não ser tão cavalheiro ou se ele estiver desprovido - lhe informei depois de entregar-lhe uma boa gorjeta.

Agora... refletindo: se no inferno estão aqueles que foram felizes e no céu estarão pessoas como a pastora e o ex-marido de minha diarista, o Edir, o Rodocralho, o Estevan, o Malamáfia  etc.. o inferno termina por ser melhor opção. Você não acha?

Wanderley Lucena


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