domingo, 5 de dezembro de 2021

Cabelos Flamboyant


O nosso historiador, Álvaro Braga, carinhosamente, chama-lhe de “a bruxinha dos cabelos de flamboyant”. Lu Mota não é só a escritora barra-cordense mais encantadora, é também uma retirante, com uma história de vida rica de dramas densos que, apesar de tudo, não perdeu seu maior tesouro: o sorriso. Sorriso, caros leitores, que é portal escancarado para o reino da felicidade. Sim, ela é feliz! Talvez a mais feliz das mulheres. Radicada em Birigui, São Paulo, é querida por todos e não tem inimigos, nem um sequer.

Multiartista, ela pode ser atriz; pintora; poetisa; cronista; militante ecológica; defensora das minorias; bonequeira; curadora de artes... não importa. Na escrita, eu a reconheço como a nossa “Cora Coralina” e não lhes provo apenas por sua sensibilidade na tecitura dos seus textos, mas também pelos doces de mil sabores ou ainda pelo simples arroz com ovo, que ela prepara e encanta como se bruxa fosse.

Ela escreveu a belíssima crônica “Pode parecer lindo, mas é o planeta pedindo socorro”, publicada nesta mesma Revista TB, tempos atrás. A crônica é fatalista e anuncia o fim do mundo por meio da “nossa” irresponsabilidade criminosa, ante a natureza e o Cosmos... , e eu concordo com ela.

- O fim está próximo!

- Arrependei-vos!

Diziam os beatos de antigamente. Hoje, o beato já quase não fala. Ele virou apenas um patriota robótico e vazio, que serve a uma seita extremista; um rico político, eleito com seu discurso profético e que se viciou em mamar nas tetas públicas; um pastor a recolher dízimos dos pobres coitados, fanatizados com o poder do seu discurso.

Em compensação, ele foi substituído por bruxos, veganos, punks, artistas, índios, negros, mulheres, lgtbtqia+, “etcéteras” mil.

Pode ser que seja tarde demais, cara Lu Mota, mas, ao menos nós - eu e você e tantos outros mais - morreremos com nossas consciências tranquilas, enquanto assistimos à natureza a dar-nos o seu show, completamente esgotada, em sessões extras de exuberância, ao mesmo tempo em que nos diz: percebam o vocês perderam!!!

*Esta crónica foi publicada originalmente na Revista Eletronica Turma da Barra a quem muito agradecemos

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