sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Urubus não comem Electrónicos

Em Glasgow, capital da Escócia, no Reino Unido,  está a ocorrer a COP26 – (Conference of the parties). Durante 12 dias, sob a batuta da ONU, líderes mundiais, milhares de negociadores, representantes de governos, da indústria e da sociedade em geral, estão a discutir medidas a serem implementadas com o objetivo de manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C.


As metas principais pretendem assegurar a neutralidade carbônica global; garantir a proteção de comunidades e dos hábitats; afiançar a mobilização política, os financiamentos e a cooperação no enfrentamento dos desafios da crise climática.


Eu moro em Lisboa, Portugal, como já é do conhecimento geral. Aqui a preocupação com a preservação é evidente e faz parte da rotina diária. A coleta ecológica ocorre pela separação do lixo, conforme os tipos de resíduo: indiferenciado, plástico e metal, papel e vidro. Os contâineres coletadores estão separados por cores e quem não cumprir tal rotina pode ser “multado”, e o valor da coima (multa) pode ser bem alto.  Existem também locais para se dispensar o óleo usado, as baterias, os aparelhos eletrônicos em geral etc. Tudo é selecionado.


A União Europeia já reflorestou área superior a um Portugal inteiro em seu território. O reflorestamento em Portugal está a olhos vistos e já foram plantadas milhões de árvores nos últimos anos. 


Barra do Corda, tão agredida e malcuidada, está para Glasgow tanto quanto qualquer outra cidade do planeta. Desde os rios a cuidar;  nossos irmãos indígenas e suas dificuldades de manutenção da sua rica cultura e do habitat; os povoados no interior a produzir as mesmas roças como se fazia há 1.500 anos, desmatando ainda com fogo a área a ser plantada; a pecuária que avança e isto significa desmatar; as plantações de eucaliptos que extinguiram e extinguem comunidades inteiras, como foi o caso do Centro dos Protestantes, onde nasci.


Em Barra do Corda, num lixão a céu aberto, urubus comem dejetos putrefeitos sobre um amontoado de pilhas, baterias e todos os demais componentes eletrônicos, cheios de radiação nociva aos humanos. Vale lembrar, um bando de urubus sobrevoa as vossas cabeças. Urubus defecam enquanto voam. 


Em Glasgow não existem urubus, mas também não existem lixões a céu aberto. 


Barra do Corda está para Glasgow assim como estão Nova York, Tuntum, Presidente Dutra, Grajaú, Colinas etc. 


Salvar o planeta é salvar a si próprio. 


*Wan Lucena


Esta crónica foi originalmente publicada na Revista Eletronica Turma da Barra a quem muito agradecemos 

https://www.facebook.com/144971715668226/posts/2080706132094765/


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