sexta-feira, 14 de maio de 2021

Provérbios profanos


Se algumas palavras morrem ou desaparecem pelo não uso, os provérbios estão cada dia mais vivos. Provérbios ou ditados populares são frases de efeito e, em geral, curtas, que podem ser rimadas e que trazem em seu bojo lições e ensinamentos. 

 

- "Cavalo não sobe escada, mas desce". Dos ditados mais interessantes que já ouvi - e o ouvi uma única vez, mas já o repeti ao menos umas mil. Ressalte-se, não se faz necessário grandes malabarismos mentais para se concluir o porquê de cavalo não subir escadas, mas descê-las... afinal, tudo o que sofre a influência da gravidade descerá qualquer escada, só depende de um empurrão e; para melhor ilustrar a compreensão, pode-se usar aqueloutro adágio que diz: "ladeira abaixo, todo santo ajuda". 

 

- "Passarinho que come pedras sabe o cu que tem". O segundo mais interessante que já ouvi e pode ser considerado inapropriado às pessoas cultas e polidas, mas, como sou simples e popular, ouso driblar a inadequação linguística só para poder dizê-lo. Esse dito, tão popular quanto a lambada no Pará, até ao mais neófito, é de fácil conclusão. A relação causa-efeito daquilo que dizemos ou fazemos e suas consequências podem ser muito deletérias, aptas a fazer grande estrago. Assim sendo, em outras palavras: a pedra que entrar bico abaixo, logo, terá que sair pelo furico excretor, portanto, melhor que seja minúscula. 

 

-  "Quem não chora não mama". E quem nunca dançou a marchinha de carnaval que virou ditado popular? Tão óbvia que se nos vem, de imediato, a figura do filhinho a chorar pelo peito materno, sempre que lhe bate a fome. A máxima que se depreende do referido brocardo, entretanto, é para ser chorada e ouvida pelos adultos. Se quiser algo ou alguma coisa, peça. Se não o ouvirem, grite, mas sem escândalos, faça-me o favor! 

 

- "Águas passadas não movem moinhos". Este provérbio é para os que insistem em ficar a remoer lembranças, em geral aquelas bem traumáticas.  "O que passou passou!" Li certa vez em um poema: “deixemos as dores do passado, no passado.” 

 

- "Uma andorinha só não faz verão" - Há quem pense que ao se isolar sai a ganhar. Não se pode negar que "em boca fechada, não entra mosquito", e que "quem fala demais dá bom dia a jumento", mas, em caso de guerra – ou mesmo de fazer melhor a sua rua -, a melhor estratégia é sempre o de se agir em coletividade. As andorinhas quando vistas a voar no céu, em bandos, anunciam que o verão está a chegar. Se a andorinha está a voar sozinha, é só uma andorinha que nada anuncia. 

 

- "Quem não é visto não é lembrado". Muitos são os que preferiam que o chão se abrisse e que eles desaparecessem. Para quê? Jamais serem vistos? Não, não creio. Para fugirem, todavia, de suas próprias vergonhas ou falências pessoais. Bem, “bom mesmo é estar vivo!”... e neste apotegma incluo a internet e sua virtualidade. Quem bem sabe aparecer nos dias de hoje, pela virtualidade, pode até ficar milionário. Eu que não quero ser esquecido. Não mesmo! 

 

- "Falem mal, mas falem de mim". A frase virou provérbio muito popular a que muitos atribuem-na à Coco Channel, famosa estilista francesa, e que, também, virou uma canção do brasileiríssimo, Ataulfo Alves. Na verdade, porém, a expressão é atribuída originalmente ao célebre, polémico e muito à frente do seu tempo, escritor e pensador irlandês radicado em Londres, Oscar Wilde. Seu best seller é "O Retrato de Dorian Grey" – o qual indico por ser uma obra maravilhosa. Conhecido por seu sarcasmo, sua ironia e cinismo, foi preso e condenado a trabalhos forçados por causa das suas atividades homossexuais, na Inglaterra vitoriana. Registre-se, por oportuno, era ele quem afirmava que "só existe uma coisa pior que falarem mal da gente. É não falarem da gente". 

  

Então, que falem!

 

 



 

 

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