segunda-feira, 14 de março de 2016

O Metrô

E eu a andar de metro pela capital federal sempre na companhia da Clarice, a Lispector. Por vezes, a guardo um pouco na minha bolsa só pra ficar observando a cena. E se tem uma coisa que gosto é de observar a cena. Sou fanático por gente. Gosto de perceber as formas de cada um, desde a cabeça até os pés. Mas, não só isso. Gosto de ver os modos de cada um ou de um grupo. Eu gosto de ver TV, de cinema, de jornais e revistas e... Sabe porque? Por que gosto de gente. Sinto-me espectador de um BBB onde todos vivem numa redoma gigante - aos moldes de "O show de Truman". Eu de cá a criticar a tudo e a todos sem esquecer que, de lá, também sou parte do show é objeto de críticas tão severas quanto às minhas.

No metrô me incomoda a falta de educação dos que insistem em sentar-se no local reservado a idosos, deficientes e grávidas e se fazem de morto a partir do momento que se sentam. Os pedintes e vendedores. Os alunos adolescentes a rirem sem ter porquê é sempre em altura que o vagão inteiro pode ouvir. Os amassos dos casais apaixonados quase se "comendo" na frente de todo mundo e, pior, os evangélicos que decidem fazer sua pregação e a tentar salvar os que estão a ouvir-lhes.

Na estação, já fora do vagão, aproveitando-se da acústica do local, uma louca-evangélica, gritava em alto e bom som a sua pregação. Não a vi. Mas, subi as escadas da estação e, já no piso superior, ouvia os berros da louca que informava, segundo a própria Bíblia, ser loucura aquilo que dizia. Alguns aplausos e "améns" foram ouvidos. E eu fui embora deixando aquilo para trás e a pensar: se fora um macumbeiro a bater tambor de terecô podia? Será que a segurança não iria intervir?

Mas, que bom que é poder ter ouvidos para ouvir, boca para falar, dedos para teclar e poder escrever isto. Segue o show? Que siga o show!

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