segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Cosmos

Nadar desde a orla da Prais do Francês até as piscinas naturais que se formam nos arrecifes cerca de 150 metros à frente não tem preço. A visão desde alí, tanto para mar aberto quanto para a propria praia, é visão paradisíaca. E o melhor é que fiz a travessia à nado. Claro que eu estava acompanhado de quem poderia salvar-me em caso de necessidade e cansaço. Mas, apesar de sentir o peito ofegante e o peso das aguas mornas e salgadas a levarem-me corrente contrária ao ponto que desejávamos, consegui sucesso em por os pés cuidadosamente ante a grande quantidade de ouriços ali presente. 

A vida marinha é abundante e até um polvo nós avistamos enquanto se escondia embaixo dos arrecifes. Peixes coloridos, algas, caranguejos, larvas e outros tipos que se pareciam minhocas e aos quais não sei nominar. 

O intenso azul turquesa do mar beijava no horizonte o azul celeste de um céu sem qualquer sinal de nuvens. A beleza de olhar desde ali as areias brancas banhadas pelas águas caudolosas e mornas de uma incrivelmente acolhedor. A praia estava lotada e os banhistas estavam às centenas a banharem-se. Brinquedos inflados e enormes levavam turistas que eram puxados por voadeiras ou jetskis a uma velocidade imensa. Parapentes e até helicópeteros marcavam o azul celeste com tons coloridos fortes. Ao sul um imenso e verde coqueiral trazia um ar bucólico e, até certo ponto, sevagem. Ao norte a paisagem seguia margeada por faixa branca de areia fina, mar cálido das piscinas naturais e o muro de arrecifes que chegava quase até Maceió. Donde estávamos era possível ver os prédios da capital ao longe.

Um grupo grande de esportistas de standup apareceu ao longe e me informaram que os tais vinham desde Maceió, quase 20 kms de distância de onde estávamos. E segundo me informaram, eles continuariam até Barra de São Miguel, quase cinco kms adiante de onde estávamos. Acho que eu não teria tanta coragem, sequer vigor físico para tanto. Mas, que bonito que é ver gente a viver com intensidade toda a humanidade que nos foi confiada.

Nadei de volta até a praia e ao sentir meus pés tocarem a areia senti uma alegria imensa de poder conviver com aqueles que até a piscina natural haviam me levado e pelo imenso privilégio que foi viver e perceber-me vivo ante tão imenso cosmos. 

Wanderley Lucena

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