sábado, 18 de julho de 2015

Camuflagem

Eu sempre percebi o meu humor negro, por vezes, desagradável
Mas, eu não sabia que eu era tão decifrável, tão óbvio
Decepcionei-me comigo mesmo ante a minha falta mínima de fingimento
Enganei-me ao pensar que ninguém perceberia a extensão do que se vai por traz de meu olhar
Uma simples fotografia e me denuncio completamente
E, olhando bem, está na cara, ou seja, nos olhos
Sinto-me desnudado e envergonhado
Mas... Eu me gosto...
Gosto-me o suficiente para te dizer que assumo, com humildade, que gosto de mim mesmo
Acho que sou boa companhia, apesar de presa furtiva
Claro que me dissimulo ou intento
A minha camuflagem levou anos para ser composta
Agora, você me chega e, despudoramente, me mostra o quão frágil e perceptível estou
Sim, você me conhece e, digo-te
Não sou nem uma coisa nem outra
E... sequer sei quem sou, verdadeiramente
Mas, devo ser alguma coisa
Não sei quem sou
Sou assim, feio e bonito a depender de onde olham e de quem olha
Mas, na frente do espelho da vida seguirei a proteger-me, camufladamente
Ou não!

Wanderley Lucena

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