domingo, 2 de agosto de 2020

A Rua do Sitio

Fazia tanto tempo que nada me animava a escrever uma crónica; que não entrava nem assistia ao meu Blog Alucenado que pareço mesmo enferrujado. Mas hoje é domingo e o Universo quis me presentear com boas surpresas. A virtualidade - bendita virtualidade - me trouxe a Radio da Academia Barra-cordense de Letras e o contato com uma turma que faz parte da nata cultural da minha Barra do Corda. Esta minha Macondo cheia de personagens intensos e riquíssimos que agora decidiram borbulhar em meu juizo e chacoalhar as boas e velhas lembranças da minha meninice. 
As ladeira do da Rua do Sitio - prefiro Rua do Sitio a Avenida Juscelino Kubistschek - que sobem para o bairro da Altamira e as olarias que faziam tijolos por mãos de meninos pobres e impúberes que precisavam ajudar os pais. As turmas a subir para acima do Sitio dos Ingleses para descerem Rio Corda abaixo em gritaria e algazarra. O Mete-mete e as cervejadas e as turmas a ouvir a boa música brega ou o bom e velho forró ou qualquer outro estilo.
Ainda mais pra trás o menino que dormia na rede a ouvir os fones do Cine Canecão lá na Praça Melo Uchoa. Ante a pouca iluminação da cidade os astros e estrelas brilhavam mais intensamente e na imaginação do menino aquilo era quase de poder tocar. 
As piabas duras ou largas e o piaus cabeça-gorda que eram pescados em linha jogada com isca de angu feito de farinha seca e que depois seriam fritos no azeite de coco babaçu e que, acompanhados de farinha de puba, seriam almoço ou janta.
Ela na tabua escanchada lavava as as trouxas de roupas por algumas migalhas que serviam pra comprar o café e pagar a conta de luz ou as doze prestações nas casas pernambucanas das roupinhas dos meninos ou daquele conjunto de cadeiras de macarrão comprados nos Armazéns Paraíba. 
Era grande a luta pela sobrevivência, mas graças aquilo tudo, hoje somos quem somos

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