sábado, 17 de outubro de 2015

Pavonices

Apressei o passo na rua de pouca luz. O flash explodiu e clareou a noite. Olhei para todas as direções e não sabia o que se passara, de onde viera o tal flash. Pensei ser uma lâmpada a estourar ou um problema na fiação elétrica. Porém, apenas o silêncio imperou.

No outro dia me chega um amigo e mostra minha foto, de costas, que já percorria o mundo virtual por meio do aplicativo, quase maldito, watssap. De início fiquei assustado. Sou eu tão importante ao ponto de ter um paparazzi a me seguir? Quem se daria ao trabalho de fotografar-me às tantas da noite em rua de pouco movimento e se daria ao trabalho de espalhar uma besteira dessas na internet? Seria mesmo muita falta do que fazer ou coisa de meninos. Sim, a segunda opção. Era apenas um menino quase hacker que me sacara a foto. Menos mal! Mas, fiquei com a sensação de ser alguma celebridade local.

E ontem, no bar "inferninho" desse lugar - diga-se: adoro os "inferninhos"! - quando fui ao caixa, fui então informado que a minha conta já havia sido paga. 

- Quê? Como? - Perguntei eu estupefacto ante a situação também inusitada. Jamis alguém me pagara a conta e, ademais, não percebia nos frequentadores presentes, ninguém que pudesse ser suspeito de tão boa ação. Insisti com o rapaz que estava no caixa e quis saber quem pagara a minha conta.

- Andreas - Foi a sua resposta depois de eu muito insistir.

Mas, Andreas é um italiano jove, jogador provicional de futebol em seu país. Nós nos cumprimentamos todas as vezes que nos vemos, mas, não sabia eu que gozava de tanto prestígio junto ao moço.

Voltei para casa sem ter entendido direito, mas, na primeira oportunidade, além de agradecer a Andreas, eu lhe serei mais atencioso e, também, retribuirei a gentileza.

Certo é que, por motivo de fofoca ou  não, cá estou a ser alguém para "alguéns". E quando pensamos que o viço já nos se esvai, de alguma maneira, totalmente nova, a natureza insiste a informar-nos que o pavão sempre será pavão, não importa onde esteja nem quantos dias já lhe imprimiu a vida.

Wanderley Lucena

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