domingo, 8 de abril de 2012

VACAS BAIANAS

Acordar cedo para sair com meu cachorro que precisa se aliviar urgente. Aproveitar para comprar pão quentinho e cheiroso na padaria do outro lado da rua. Na volta, pará na banca de revistas e ver as manchetes dos jornais que nunca deixam de me indignar. Política podre, violência descabida, corrupção, etc... são as manchetes. Mas um vento frio e úmido me reportou a outras paisagens. Paisagens do sul, da Europa. 

Em casa a chaleira foi posta a esquentar a água do café e depois de alguns minutos e assobio fino do vapor a sair pelo bico do dito utensílio doméstico me fez refletir que os elementos naturais, fogo e água, são manifestações da vida que vai muito além e independente da minha própria vida. Elementos naturais que existem desde que o mundo é mundo e que, com certeza, existirão em outros planetas, quiçá, em ebulição ou não. 

O cheiro do café. A manteiga a ser passada sobre a fatia do pão. O leite que apesar de ter sido comprado no mercado, estrategicamente engarrafado em boteja atraente para atrair o consumidor, em primeira análise, me foi, generosamente, fornecido por Dona Vaca. Mas o rótulo da garrafa de leite me informa que o leite que se encontra em seu interior é orgânico e que a ordenha se dá sem que as vacas, de origem holandesa, se estressem. Que a fazenda fica na Bahia e que o pasto consumido pelas vacas é devidamente protegido de qualquer contaminação de produtos químicos. Fiquei imaginando as vacas deitadas em redes baianas enquanto os profissionais lhes faziam massagens em suas tetas e lhes faziam a ordenha. Um exagero de cuidados que pretende me trazer qualidade de vida e que me custa uma "baba" de dinheiro. 

O dia será de sol. Menos seco, haja vista, a chuva leve que caiu durante a noite. Um alívio ante o calor que fazia. Tive tomar um banho frio para que pudesse dormir. É a vida que late. E de tão latente não posso negar que nas pequenas coisas, muitas delas, imperceptíveis por causa da rotina, percebo a pujança pulsante que deve ser agradecida solenemente ou em alaridos de alegria descontrolável. Que até na minha imaginação fértil de imaginar as vacas leiteiras baianas, a biologia se manifesta em vida através do meus neurônios. Que bom que é viver!


Wanderley Lucena

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