sábado, 9 de julho de 2011

A MOÇA BANGUELA


Quando ouvi a estória que passo a vos contar, quase não acreditei. Confesso, quase morri de rir. E espero que você que ora me ler, faça o mesmo. É minha intenção vos fazer rir. A estória é real, bem como, conheço as personagens.

O moço tinha posses e se apaixonou pela moça de poucas posses. Ela era linda, corpo estonteante e  uma boca carnuda. Porém, para o lado direito do sorriso, dois dentes que lhe faltavam, a faziam posar sempre de perfil quando ia tirar fotos. Seu sorriso era sempre comedido na tentativa de disfarçar, senão, esconder totalmente a falha no sorriso.

Ocorre que o moço estava apaixonado e decidiu dar de presente à moça uma prótese. Aquela que antigamente era chamada de "chapa". Não era tão caro quanto o implante dentário e o moço podia, tranquilamente, dispender de seus recursos e melhorar a auto-esto estima da amada.

Pronto! Agora a moça podia rir à vontade. Tirar fotos de frente e a sorriso largo. Mas, o tempo foi esfriando a paixão do moço. A moça já não se sentia tão grata. A discórdia em assuntos bobos e a falta do afeto se instalaram. Os dois começaram a brigar com frequência. Decidiram, depois de um imenso "barraco" a acabar a relação. Como em todo término, jogou-se toda a roupa suja no tanque. A lavagem foi feita em público.

Ela chegou a chamar-lhe de "brocha", coisa que, sinceramente, não acho que o moço o seja. Mas, ele em atitude descontrolada e vingativa a chamou de "banguela". Ato contínuo, aos berros, pediu o que, segundo suas próprias palavras, era seu por direito. Sim, ele queria a "chapa" da moça. Disse que tinha em seu poder até a nota fiscal da mesma. 

Todos ficaram estupefactos quando a moça, orgulhosa e com desdém, tirou a "chapa" babada e a entregou nas mão do moço. A boca da moça murchou no local onde estava instalada a "chapa". Ela se retirou frustrada. envergonhada e ferida. Voltou a fotografar de perfil.

O sangue do moço esfriou e percebeu-se que a vergonha em sua cara. Não pediu desculpas por nada. Mas seu seu semblante era o de quem queria que o chão se abrisse e ele desaparecesse. Retirou-se ele em seguida à moça, porém, em direção oposta à dela.

Alguns não se continham. Seguravam a boca e apertavam as barrigas. Riam descontroladamente. Outros, boquiabertos, sem entender como os dois chegaram a tal ponto. Alguém chegou a cantarolar: "o cravo brigou com a rosa debaixo do mata-pasto".

Aos que presenciavam a cena restou a certeza de que o sorriso do moço ficou tão sem graça que chegou a ser quase igual ao da moça banguela.

Wanderley Lucena

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