segunda-feira, 14 de maio de 2018

A Praça

Fui à Praça Martim Moniz comprar óculos que trazem as cores da bandeira francesa por estampa no lugar das lentes, pedido de um amigo brasileiro. A dita praça é linda e tem fonte luminosa e jatos que são erguidos em jatos rumo ao céu azul de Lisboa dessa época do ano. Entretanto, apesar de espremida entre Alfama, Mouraria, Rossio e mais famosos e charmosos bairros, é terra pedaço chinês. E chinês que se preze exerce a atividade de chingue-lingue. A atividade não é percebida se não se descerem aos porões dos edifícios ao redor da praça. Eu já tinha percebido a intensa movimentação de carroças cheias de caixas e carregadas pelos empregados morenos indianos que concorrem com os chineses nessa atividade. São vários subsolos de um edifício ao qual os corredores são tomados por mercadorias falsificadas e gente feia. O entra e sai de carrinhos com mercadorias lembram os catadores de recicláveis do Brasil. A cena lembra Bangladesh. Pra quem for fresco não é lugar indicado. O impulso é de segurar a carteira e fechar as narinas. Mas, apesar das aparências, não se conhece má fama do local e o que parece ser um formigueiro, na verdade, obedece certa ordem e a feira subterrânea é legal e seus comerciantes têm alvará de funcionamento. Se o produto é chinês, a praça é portuguesa e está ao pé do majestoso e imponente Castelo de São Jorge. E não se pode esquecer que em Alfama e Mouraria nasceu o fado e, num edifício comum de uma rua estreita ali perto, uma placa indica “Aqui nasceu Amália Rodrigues”, a grande dama do fado português. Mas, pra quem comeu buchada de bode e sarapatel numa feira qualquer de cidade nordestina isso aqui é shopping. E sou nordestino sim! E com muito orgulho!

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