sexta-feira, 23 de junho de 2017

A Lambança da Bela

E mais uma vez vejo uma moça bonita - mas, era outra moça bonita - com a boca toda espumada de creme dental enquanto fazia sua higiene bucal dentro do carro. Dessa vez, ao menos, o carro estava estacionado. Ela escovava os dentes em movimentos frenéticos enquanto era assistida por uma amiga no banco do passageiro. Eu não sei como que alguém consegue fazer a higiene pessoal, inclusive, a bucal, dentro de um carro e, até com ele em movimento. São coisas da modernidade, eu sei. As pessoas estão a correr o tempo todo e estão longe de suas casas e sem acesso ao seu banheiro pessoal para esses momentos de tanta intimidade. Mas, eu fico à pensar em outras necessidades físicas que nos vêm, muitas vezes, nas mesmas circunstâncias. A mim é muito complicado usar banheiros públicos. Os tais banheiros químicos para mim é uma verdadeira tortura. Alguém teria que inventar uma maneira menos nojenta de expelirmos nossos excrementos. Mas, se não tem outro jeito... fazer o quê?

Eu tenho andado com esses lenços úmidos dentro de minha bolsa. Já passei maus pedaços ao procurar um banheiro qualquer de rodoviária e até mesmo de estabelecimentos comerciais. O meu nojo começa com a trinca da porta. Sabe-se lá quantos milhões de clorofórmios fecais estão ali, de boca arreganha, brigando uns com os outros pela vez na fila para me atacar e me ter vítima de sua contaminação? E o vaso sanitário que, muitas vezes, nem tampa tem? E a pia com a gosma de quem acabou de usar? E odor que revolta o estômago? Eu só uso se perceber que a barragem que segura o Tietê vai mesmo se romper. 

Mas, a higiene bucal nem é algo que traga repulsa aos olhos menos sensíveis. Eu não me importo mesmo. Mas, o que me chama atença na prática é o quão estranho é ver a cena incomum.

Wanderley Lucena

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