segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Águas Claras

Tem manga que nao acaba; tem pitanga e acerola; tem goiaba e tem abacate e, por incrível que pareça, tem até tamarindo. Sim, tem tamarindo, essa fruta que muita gente nem conhece e que, de tão azeda, trava o palato e faz salivar. É mais  azeda que manga azeda que manga verde. Aliás, manga verde bem picadinha, sal e uma pitada de pimenta do reino... pense num sabor exótico que enche o bucho da meninada num verdadeiro banquete. Pode comer com colher ou de mão cheia mesmo. Os dentes ficam embotados e fica assim por uns três dias. Fica difícil de escovar. Mas, comer manga verde com sal e pimenta do reino é mais que comida, é verdadeira travessura. Agora, pense no azedo da manga e dobre. Sim, é mais azedo que manga verde. É uma delícia quando vira suco. Mas, pra quem veio do nordeste brasileiro, não há como não comer a fruta marrom e de cascata seca. Tinha tudo pra não representar nada, mas, é uma delícia. É tudo isso aqui em frente à minha casa. Desço o elevador e, em frente à portaria, um portão aberto até as 22h. É o portão do parque de Águas Claras, cidade satélite de Brasília. Muitos são os pássaros a cantar frenéticos. Os ben-te-vis são dos mais presentes. Desde o alvorecer até ao anoitecer eles cantam loucos. Periquitos e vin-vins, carcarás e corujas, pombas rolinhas, avuaçãs e juritis, gaviões e anuns. Tem muitos cães domésticos a brincarem acompanhados de seus donos. E... águas límpidas e cristalinas que nascem aqui mesmo, dentro do parque. Formam um córrego e se vão dentre a terra ou canalizadas em tubulações que o homem impõe.   Vale muito sentar por aqui, num banco qualquer, com o livro pra ler ou só pra ficar a ver toda a cena adiante dos olhos.

Wanderley Lucena

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