Eu fico a me perguntar o que nos leva a condenar o que não
conhecemos. A Maçonaria sequer é religião, mas, organização secreta – e qual o
problema de ser secreta? – e sofre ataques oriundos, principalmente, de
pastores evangélicos. Quero aqui deixar claro que não sou maçom e que a minha
defesa não é para com a organização Maçonaria. Quero mesmo é discutir a
insanidade que leva indivíduos que deveriam se ocupar de fazer o bem o evitar a
segregação, haja vista, se dizerem os representantes do Cristo entre nós, a
jogar pedras contra quem eles discordam ou sequer conhecem.
Um pastor de uma igreja da cidade do Gama, cidade satélite
de Brasília, ocupou boa parte de seu dia a fazer longo texto, publicado em
redes sócias logo em seguida e que tinha esse teor. Um desocupado, blogueiro,
fotografou a tal igreja e, por causa de uma letra “G” grudada na logomarca,
acusou-a de associação com a Maçonaria. O “G” para a maçonaria,p elo que sei, é mero símbolo
que se percebe nas lojas maçônicas mundo à fora. Seria uma besteira não fora o post do pastor.
A acusação do blogueiro é boba, mas, o post do pastor não o é. Estava cheio
justificativas e medos de que sua igreja pudesse ser confundida ou associada à maçonaria. Informava aos fiéis pagadores de pesados dízimos que a
igreja era genuinamente cristã e que, jamais, estaria associada com outras
crenças que não tivessem o Cristo como fundamento de sua fé. A Maçonaria não é
crença, repito! Pelo pouco que sei, trata-se de um organização secreta que visa princípios de liberdade,
democracia, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual e a proteção
mútua e privilegiada dos seus membros. Não seriam estes fundamentos tão
cristãos quanto os de qualquer igreja cristã? A diferença é que eles não têm o
dízimo por mandamento.
Devemos grande parte do que somos enquanto Estado e
Democracia aos maçons. Os maçons estão presentes e por trás de todas as
decisões mais importantes do Brasil e do mundo. Ao contrário de pastores e
líderes evangélicos, não alardeiam suas ações com o intuito de fazer adeptos ou
por causa de votos. O fazem por questões cívicas!
Confesso que me cansa todos os tipos de preconceitos – e, eu
próprio, não estou livre deles, mas traço batalha hercúlea e diária contra
eles. Preconceito é sinônimo de ignorância.
Portanto, não consigo compreender como alguém que fez curso superior de
Teologia pode ser capaz de tão pouco alcance em sua visão intelectual-cristã.
Preconceito é coisa para ignorantes e não para alguém que se sentou numa
cadeira de uma academia e fez um curso superior, por mais, descrédito que o
curso superior tenha.
A abordagem, nada cristã, estava carregada medos, iras
infantis e bobas e, ainda, trazia uma ameaça: “as imagens de câmera da igreja
captaram o blogueiro quando tirava as tais fotos do “G”. No texto se percebe,
ainda, certo destempero e medo de que os fiéis pudessem abandonar a igreja e
confundir a reputação do pastorao suspeitar ser ele Maçom.
Pior é perceber a empáfia de quem se sente superior. Deveria
ser o oposto do que percebi naquela leitura cansativa. Jesus bem poderia ter sido
um maçom, senão, poderia ter bebido e dançado com eles. Poderia ter participado
como palestrante ilustre em qualquer loja maçônica em qualquer lugar do mundo.
Acho que ele evitaria o mesmo caso fosse convidado para uma pregação na Igreja
do Gama. Essa segregação de grupos humanos não combina em nada com os
ensinamentos do Cristo. Ele dormiu uma noite na casa de Zaqueu, o cobrador de
impostos. Tal figura, naquele tempo, era o mais indigno dos homens naquele
contexto social. Teve por melhor amiga – ou amante, segundo algumas linhas de
estudo e pesquisa cientifica – Maria Magdalena, a prostituta. Com ela andou
para cima e para baixo e, orgulhosamente.
Portanto, tenho certeza que a defesa de tão proba igreja é a
defesa do reino dos homens e não da verdadeira igreja de Cristo. Tenho certeza
que, na tentativa zelosa de quem pretendeu a defesa da sua imaculada igreja, na
verdade, a maculou e jogou na mesma cova das instituições humanas que só servem
para disseminar preconceitos e segregação.
O respeito ao desconhecido é principio que nem precisa ser
religioso, mas, da própria razão. Estejamos todos na paz do Grande Cosmos, com “G”
de símbolo maçônico.
Wanderley Lucena