Eu que nunca gostei de ser servido, confesso: tenho desejos de acordar todos os dias e encontrar a mesa posta por um funcionário que me fosse
uma espécie de mordomo e uma empregada ou duas a auxiliá-lo. Queria que ele, o funcionário,
me fosse invisível. A casa estaria sempre impecável e a cama eu não teria de
arrumar. Ele saberia que gosto de café fresco a cada duas horas e que a falta
desse hábito me deixa inquieto e, quanto mais o tempo passa, mais nervoso vou
ficando. Ele me admiraria e me serviria com o respeito dos que não possuem a
inveja e que quer o mal de quem servem.
Há uma culpa instalada lá no fundo e que me grita a informar
que a servilidade é uma escravidão branca ou disfarçada. O escravo trabalhava servilmente
pelo prato de ração e para estar vivo. A modernidade impõe salário a quem
serve. E sei que todos somos servos-escravos em algum momento ou o tempo todo. Talvez seja a minha moral cristã que me impede. Talvez sejam minhas condições financeiras que não me permitem mesmo. Não sei. Só sei que não gosto nem um pouco de ser servido.
Vivo e faço o que quero. Ando
como quero no meu espaço – até pelado. E adoro isso tudo! Fico comigo mesmo e a me servir. Só quando não mais o possa me imporei um ou dois enfermeiros. Minha intimidade e privacidade não a quero dividir nem com quem me esteja invisível e com a mesa posta.
A vida que desejei seria a de um verdadeiro paxá, um rei rei incorrigível e mimado. Fico com a independência que meus músculos me dão. Gosto mesmo de por a mão na massa, de subir escadas e de me exercitar. A vontade de ficar na cama eu, por vezes, me largo em minha preguiça e me levanto só quando o corpo enjoou da cama. Fazer meu café; descer com meu cachorro pra que se alivie de suas necessidades fisiológicas; fazer a cama... é rotina de todos os dias. Depois vem um bom banho quente nesses dias gelados de Brasília. Depois acessar a internet e ver as notícias do dia. Amo tudo isso!
A vida que desejei seria a de um verdadeiro paxá, um rei rei incorrigível e mimado. Fico com a independência que meus músculos me dão. Gosto mesmo de por a mão na massa, de subir escadas e de me exercitar. A vontade de ficar na cama eu, por vezes, me largo em minha preguiça e me levanto só quando o corpo enjoou da cama. Fazer meu café; descer com meu cachorro pra que se alivie de suas necessidades fisiológicas; fazer a cama... é rotina de todos os dias. Depois vem um bom banho quente nesses dias gelados de Brasília. Depois acessar a internet e ver as notícias do dia. Amo tudo isso!
Wanderley Lucena