terça-feira, 17 de maio de 2016

O Monstro

E eu aqui a refletir que minhas preocupações na vida, ou a maior parte delas, sempre foram relacionadas a contas a pagar. Mas, sempre me alimentei com a regularidade de, ao menos, três refeições ao dia. O café da manhã era tomado na certeza de que o almoço estaria na mesa e, em seguida, logo mais à noite, um jantar ou ceia que podia ser só um pão com manteiga e café. Mas, algum alimento estaria à mesa. E essa certeza trazia conforto e tempo para poder preocupar-me com outras coisas, inclusive, com as contas às quais, se fiz, as fiz porque as podia.

A fome  é monstro que não morre ante a saciedade da barriga cheia. O monstro dorme enquanto a digestão é feita. Mas, ele sempre virá com boca enorme e dentes afiados logo depois dela. E a certeza de que o monstro virá de maneira feroz e que não outra arma que usar senão alimentá-lo, é apavorante! É mesmo triste e terrível a incerteza da saciedade ante a fome que virá. O monstro que nos matará, com certeza, se não lhe fizermos a oferenda do pão todas as vezes que ele nos ameaçar com sua bocarra.

E concluo com uma triste questão que me é como um enorme chute na boca do meu estômago: Quantos milhares de pessoas no brasil... quantos milhões de pessoas no planeta... nesse exato momento, estão sem saber se comerão, e o que comerão, na próxima refeição e a que custo?  E pior: quantos estão nesse momento exato, buscando e não encontrando, apenas um pão que lhes amenize a dor de um estômago vazio? Deus tenha misericórdia de cada um de nós e que nunca nos deixe faltar comida na mesa!


Wanderley Lucena

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