E eu aqui a refletir que minhas preocupações na vida, ou a
maior parte delas, sempre foram relacionadas a contas a pagar. Mas, sempre me
alimentei com a regularidade de, ao menos, três refeições ao dia. O café da
manhã era tomado na certeza de que o almoço estaria na mesa e, em seguida, logo mais à noite, um jantar ou ceia que podia ser só um pão com manteiga e café. Mas, algum alimento estaria à mesa. E essa certeza trazia conforto e tempo para poder preocupar-me com outras
coisas, inclusive, com as contas às quais, se fiz, as fiz porque as podia.
A fome é monstro que
não morre ante a saciedade da barriga cheia. O monstro dorme enquanto a digestão é feita. Mas, ele sempre virá com boca enorme e dentes afiados logo depois dela. E a certeza de que o monstro virá de maneira feroz e que não outra arma que usar senão alimentá-lo, é apavorante! É mesmo triste e terrível a
incerteza da saciedade ante a fome que virá. O monstro que nos
matará, com certeza, se não lhe fizermos a oferenda do pão todas as vezes que ele nos ameaçar com sua bocarra.
E concluo com uma triste questão que me é como um enorme chute na
boca do meu estômago: Quantos milhares de pessoas no brasil... quantos milhões
de pessoas no planeta... nesse exato momento, estão sem saber se comerão, e o
que comerão, na próxima refeição e a que custo? E pior: quantos estão nesse momento exato,
buscando e não encontrando, apenas um pão que lhes amenize a dor de um estômago
vazio? Deus tenha misericórdia de cada um de nós e que nunca nos deixe faltar
comida na mesa!
Wanderley Lucena
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