sábado, 16 de abril de 2016

O Parque

Já estava a chegar na academia depois de curtir preguiça até quase meio dia quando decidi mudar o programa. O parque imenso e cheio de gente estava logo ali à minha frente. Arranquei a camisa com certo puder, mas, seguro de que devia aproveitar o momento e me expor. O sol brilha para todos, é o clichê, não é? Muita gente expirando saúde e alegria. Pic nic's, aniversários, fotógrafos profissionais com noivas ou debutantes em poses de gosto suspeito, um palhaço a animar a festa e a atentar que passava pela pista de cooper, cães de estimação, crianças a correr, marombeiros, etc...


Depois de uma hora eu cheguei em casa e fui banhar-me quando o telefone tocou. Um grande a migo a me convidar para o almoço. Ótimo! Pensei eu. Socorro é cozinheira de mão cheia e a companhia do casal é verdadeiro deleite. Mas, vesti-me e fui à pé, afinal, a casa deles fica a cerca 800 metros da minha. Fui, de novo, pelo mesmo parque. A respiração meio ofegante e as pernas a informarem que já não sou mais nenhum jovem. Eu que aos 20 anos ouvia o pessoal da minha idade a reclamar das pernas e pensava como seria quando eu tivesse a idade deles. E agora, cá estava eu com a idade imaginada, morto de cansado e sentir as pernas que já não me sustentam tão bem como antigamente. 

Mas, uma cena inusitada quase me tira do chão ao ver num semáforo, correndo por entre os carros parados e a distribuir sacos fechados de balas e doces que eram deixados por sobre o retrovisor dos carros, ninguém mais ninguém menos que um Homem Aranha. Sim, havia um Homem Aranha a vender balas no semáforo. E a fantasia era de primeira qualidade. Cobria-lhe tudo, inclusive os olhos. O Homem Aranha estava ali, em carne e osso. Corri a fotografar a cena e logo um pai pediu para tirar fotos com ele e seu filhinho. Fiquei á pensar: é a crise! Depois: que povo danado esse nosso povo brasileiro.

Eufórico e já suado cheguei à imponente portaria do condomínio de meu amigo e ali estava uma senhorinha que, com certeza, era a faxineira e a substituir o porteiro que deveria estar no almoço. Eu nunca gravei o numero do apartamento do meu porque é só chegar e falar para os porteiros que é para o Augusto e eles já informam o número do apartamento. Mas, a senhorinha humilde sequer sabia quem era Augusto. Eu sabia que podia ser no terceiro ou segundo andar. Pedi licença para ir até o apartamento sem ser anunciado já que eu, a mentir, sabia qual o apartamento. Subi pelo elevador e apertei o segundo andar. A porta era exatamente igual e apertei a campainha e ouvi uma voz feminina gritar lá de dentro:

- Pode entrar. A porta está aberta!

Eu abri a porta e vi alguma coisa diferente nos móveis a partir do corredor. Mas, havia um grande sofá marrom que era igual ao da casa de meus amigos e enchi o peito de alto-confiança e emburaquei casa à dentro. Uma senhora de cabelo vermelho, num corte channel, veio ao meu encontro e eu, idiota que só, pensei:

- Deve ser alguma parenta da dona da casa, minha amiga, a dona da  casa que deve estar em outro aposento.

Eu perguntei pela Socorro, minha amiga e fui informado pela senhora que não conhecia tal pessoa. Fiquei verde e tremi. Eu pedi mil desculpas pela invasão certo da gafe cometida. Mas, agora sabia, o apartamento de meus amigos era no piso à cima, o terceiro andar.

Mas, para concluir tenho que voltar ao assunto anterior, ou seja, a idade e o corpo. O corpo não é mais o mesmo; os músculos podem não mais corresponder como ao 20, mas, a cabeça vai muito bem, obrigado. O raciocínio está atento como jamais esteve. É privilégio chegar aqui. Mas, aos 70? Como estarei? Que venham os anos! E que venham muitas outras situações. 

Wanderley lucena

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