terça-feira, 28 de julho de 2015

Familia e Cena

- Com licença, meu Senhor, mas preciso dizer-lhe que fiquei a olhar a sua familia desde ali e fiquei impressionado com tamanha beleza... a começar por sua esposa. E isso não é uma "cantada". - esclareci ante uma inesperada resposta de um marido ciumento.

A Senhora mirou-me sem entender direito o elogio vindo de estranho que jamais vira. O marido pegou em minha mão e sorriu assentindo permissão para a conclusão do racicínio.

- Eu gostaria de parabenizar-lhe por sua escolha em relação à ela. A beleza de sua esposa é ímpar, estonteante, e o Senhor tem muita sorte! 

Claro que depois de elogio tão exagerado senti-me estraneamente incomodado. Parecia que eu estava bêbado e não consegui me conter. Parecia que qualquer coisa poderia me emocionar ao ponto de me fazer deslocar de onde estava sentado e ir até o objeto idenficado e passar-lhe os dedos por pura curiosidade.

Eu, de cá, de minha solidão e com meu corpo já decrépto, confesso, não morro de inveja da bela familia e cena que ela me proporciounou ante o esplendido mar azul da Praia do Francês, em Maceió. Olho a minha figura e vejo nas rugas que se aprofundam, as muitas estórias que vivi e que tenho a contar. Há dor e há alegria em cada uma delas. Estou ficando velho! 

A ignorância parece ter ficado para traz e a lucidez me implica novo sofrimento. Dialogar com quem ficou para trás é tarefa árdua, dificil, irritante e, muitas vezes, puro atraso, perda de tempo. Mas, sigo em minha jornada, agora mais arrojado e... sozinho. Ao menos até que o acaso me tire desse estado. E há vantagens muitas em ser sozinho. Uma delas é poder ir sem precisar voltar e fazer isso á hora que o queira. E me vou!

Wanderley Lucena


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