quarta-feira, 1 de abril de 2015

A JORNADA PARA SHANGRI-LA

A minha angustia ante o que não sou é enorme. Estou onde quis está. Estou onde não quero está. E sei que me vou e que, quando lá chegar, igualmente, não me contentarei. E fico a me perguntar dessa prisão corpórea que me leva quase à insanidade. A insatisfação desde que me entendo por gente. Essa ambiguidade latente da existência humana que me corrói as entranhas e me leva a desejar está onde não estou. E que lá estando, logo quererei está em outro lugar. Qual a resposta para tanto incômodo se a simples existência já, por si só, dadiva de Deus?

O discurso da crença da paz interior que tanto pregam as religiões não mais me basta. É bem verdade que, o equilíbrio do nirvana pregado pelo budismo e alguns outros ramos esotéricos, quase me convence. Entretanto, o nirvana implica trabalho hercúleo e disciplina de monge. Não sei se almejo o fim com tantos meios.

De um lado há a certeza de ter feito muita asneira, muitos erros cometidos na jornada. Por outro lado, há uma voz que me sussurra baixinho, suave e melosa: você viveu! você nem errou tanto! Você tentou, e tentar, por si só, já vale á pena! Se tivesse tentado haveria dor maior, a da covardia! 

Em breve, muito breve, me dedicarei a jornada espiritual. E, de já, a angustia me consome. Poderia ser tão simples: basta escolher. Já escolhi. Mas, e os que te desejam a presença? Aqueles aos quais se está atado por relações amorosas ou de contrato? E os parentes que cá ficarão? Uma decisão já tomada e a angustia do que virá.

Vou em busca da minha Shagri-lah!

Mas, parece que já está gravado no meu código genético. Tenho de ir!

Wanderley Lucena

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