sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O VIÇO DO LOBO.



Alguma coisa está diferente em mim. A maturidade é sinônimo de equlíbrio. Agora sei o quanto isso é verdadeiro. Não sou nenhum zen-budista. Vez por outra o sangue sobe e quando vejo o barraco está armado. Mas esses momentos estão ficando cada vez mais raros. E acho ótimo. Eu consigo ficar observando a cena, calado, sem reagir à agressão. É ótimo isso porque sinto que não alimento a energia negativa do outro ou o ímpeto da agressão fica totalmente injusto e a pessoa cai no ridículo ante os que observam a cena.

Mas o desapego é outra boa prática que me veio junto com a maturidade. O apego nos faz apaixonar e querer buscar nutrir-nos com o efêmero da presença de quem, muitas vezes, nos detesta. A maioria das pessoas sofre horrores ante a negativa do outro. Quando se espera que alguém reaja exatamente como gostaríamos, é sofrido e chato. Quando voce está desapegado, nada espera. Se a pessoa reage de forma diversa da esperada, sem titubear, partimos para outra. A ação passou e logo virão outras.

Agora, o que me mata é minha ironia. Minha terapeuta me disse que a ironia é usada por pessoas de inteligência acima da média. Ai, ai! Foi ela quem disse isso. Mas, o pior da ironia é quando o outro não a entende. É irritante, estressante e aborrecido. A minha ironia me causa arrilia.

O amor. Esse não chega mais da mesma forma. Chega chegando. Não arrebata. Ele vai se instalando aos poucos. E se o amor é pura paixão, logo percebemos e, desapegamente, deixamos o outro ir-se. Mas quando ele se instala... ahhh!!! É dialogado, paciente, desapegado. Não tomamos posse do outro. Ele continua livre. Mas é por demais prazeiroso perceber que o outro se prende a nós por vontade própria. É prazeiroso perceber que os atrativos da juventude, a viçosidade da carne se esvai, mas, que outras formas de atração aparecem. O equilíbrio, o argumento razoável, o calar-se, o expressar-se com certa eloquência. Olha, acho que hoje chove mais na minha horta do que quando eu tinha meus 20 anos, um corpo lindo e uma cabeça cheia de cáca. Não troco os meus 45 pelos meus 20 nem a pau Juvenal!

Aos 45 uso o mínimo de máscaras possível. Reconheço que elas são essenciais e temos de usá-las em diversas ocasiões. Mas, já não mais me importo com quase nada que pensem ou falem a meu respeito. Tudo fica mais fácil. É verdade que causo impacto por causa de minha autenticidade e excesso de franqueza. Eu tenho de pedir desculpas em vários momentos. É verdade que às vezes não há como arrumar o estrago. Mas, ao contabilizar, percebo que a conta paga é menor do que o da falsidade da máscara desnecessária. Ademais, não suporto fazer sala para uma pessoa achando trata-se de alguém de sangue azul e depois descobrir que se tratava de rampeira.

O que importa é qualidade de vida. Isso acho que consegui. Tenho poucos amigos, mas são verdadeiros. Como bem, visto bem, bebo bem, viajo e... sexo não falta.

QUE A VIDA SEJA PLENA!